Blairo Maggi: “Não acredito que tabelamento de frete vai funcionar”

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reforçou ontem (7/8) a sua insatisfação com o tabelamento do frete, que segundo ele, vai criar muitos problemas à frente. Maggi diz que, pelas características do Brasil, não há como tabelar o custo do transporte.

“Há vários tipos de rodovias, os caminhos são diferentes e botar tudo isso no mesmo pacote não dá certo”, disse o ministro durante o 28º Congresso e ExpoFenabrave, realizado em São Paulo. “Os preços propostos na tabela ficaram muito elevados e a renda do produtor já é pequena”.

Maggi também afirmou que o tabelamento terá efeitos sobre a inflação. De acordo com ele, não se trata de uma escalada dos preços, mas de um ajuste. “Com toda certeza, já se percebe esse impacto sobre os preços, não só na área de grãos, mas em cargas gerais, cargas de retorno”, disse. “Tudo isso vai levar a um movimento de ajuste no processo inflacionário”.

No evento, a Embrapa Territorial apresentou o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira, lançado terça-feira em Brasília. O sistema, porém, foi pouco abordado por Maggi, que preferiu focar nas questões referentes à safra que será semeada a partir de setembro, diretamente vinculadas ao custo de frete.

O ministro admite que a tabela, por ter sido aprovada pelo Congresso, vai passar. Mas prevê que, no futuro, caberão ao produtor os custos do transporte, ao contrário do que acontece hoje, quando tradings se encarregam de retirar o produto da propriedade. Maggi avalia que, da maneira com que o assunto está sendo encaminhado, o governo lança o olhar sobre um processo que é ineficiente e que terá de ganhar escala para funcionar.

À plateia de revendedores de caminhões, Maggi disse que, inicialmente, o tabelamento do frete vai acarretar na maior venda de caminhões porque os produtores vão se ocupar do transporte de seus produtos e, com isso, montar suas frotas. Ocorre que, disse o ministro, “esses produtores terão de colocar em seus orçamentos o custo de frotas paradas por quatro meses (quando não há produto a transportar), como ocorre com as colheitadeiras”.

Ao final, Maggi deixou uma mensagem de otimismo aos empresários. Disse que o Brasil passa por uma grave crise, mas que “não acabará”. Segundo ele, a melhor maneira de mudar o quadro é o brasileiro “votar bem”. Disse ainda que se o candidato em que cada pessoa votar não for para o segundo turno, é importante que se vote no segundo turno no candidato que incorporar parte das propostas do candidato derrotado. “Viva as eleições”, gritou.

 

Fonte: Globo Rural

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