Blairo Maggi diz que Conab fará novos leilões de milho

O novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ontem que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai vender mais milho de seus estoques para minimizar a alta dos preços do cereal no mercado doméstico, que encareceu a produção de carnes suína e de frango pelas indústrias do País. O volume de milho a ser ofertado, porém, ainda não foi definido.

As indústrias processadoras de aves e suínos vêm se queixando desde o início do ano dos preços elevados do milho, que é o principal ingrediente da ração animal. Em 2016, as exportações de milho vêm batendo seguidos recordes, afetando o abastecimento no mercado doméstico. Diante disso, indústrias como JBS e BRF tiveram de importar milho da Argentina e do Paraguai, o que é incomum.

Para tentar agilizar essas operações de comercialização dos estoques de milho da Conab, Blairo Maggi sinalizou que pretende desburocratizar ou até mesmo acabar com o Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (CIEP). Cabe a esse órgão do governo, formado por cinco ministérios, aprovar transações de compra e venda de produtos agropecuários armazenados pela autarquia.

Ao longo deste ano, a Conab já vendeu aproximadamente 500.000 toneladas de milho de seus estoques por meio de leilões no intuito de limitar a alta do cereal.

“Existe esse comitê no meio, que tem que dar palpite sobre esse assunto. Inclusive, quero conversar com a Casa Civil para ver se a gente consegue tirar fora esses penduricalhos. É muita gente para falar”, disse o ministro, após sair de reunião com deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Em crítica à composição do CIEP, o ministro também afirmou que, entre os ministérios que integram o conselho, “não tem gente com conhecimento, demoram para tomar decisão, muitas vezes dão decisão puramente financista, e estamos aqui tratando da alimentação do povo brasileiro”.

De acordo com Maggi, a preocupação com o abastecimento de milho também se estende para 2017. “É uma preocupação já para o ano que vem porque esta safra [de milho] agora não é grande. Então o estoque de passagem deste ano para o ano que vem é um pouco preocupante”, acrescentou.

Na segunda-feira, o ministro da Agricultura recebeu cooperativas do setor de carnes da região Sul, que lhe relataram ter estoques de milho para apenas 10 dias e sinalizaram com mais aumentos para as carnes de frango e suína e seus produtos derivados.

Sobre o Plano Safra 2016/17, Maggi demonstrou que manterá as principais regras apresentadas, incluindo novos valores de taxas de juros para as linhas de crédito e mesmo o volume de recursos. Mas ponderou que “se alguma coisinha parecer que esteja fora do seu quadrado, poderá ser arrumada. É um plano insuficiente, mas é o que temos para ajudar neste momento”.

O plano foi lançado pela então ministra Kátia Abreu e pela agora presidente afastada Dilma Roussef no dia 4 de maio. Foram anunciados recursos totais de R$ 202.8 bilhões para a agricultura empresarial, 8% acima do ofertado no ciclo 2015/16 (R$ 187.7 bilhões).

Maggi também confirmou ontem que o ex-ministro da Agricultura, Neri Geller, será nomeado em breve secretário de política agrícola do ministério. Antecessor da ministra Kátia Abreu, Geller já está trabalhando.

O novo ministro também elencou algumas prioridades à frente do ministério: manter a política de abertura de mercados internacionais para produtos do agronegócio brasileiro e tentar elevar a oferta de defensivos em detrimento de “oligopólios e até monopólios” de fabricantes de defensivos agrícolas.

 

 

Fonte: Valor Econômico

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