A maior oportunidade de negócio da atual geração. É assim que o economista Bernardo Silva, presidente executivo da Associação Brasileira Biotecnologia Industrial (ABBI), define o novo segmento da indústria que utiliza a moderna biotecnologia para produção de produtos químicos, combustíveis e outros materiais.
Para ele, as megatendências mundiais – como o envelhecimento da população e a urbanização crescente –, associados a um cenário de mudanças climáticas e o advento de uma indústria 4.0, coloca em cheque o modelo tradicional de indústria.
“A biotecnologia industrial é um caminho para garantir a sustentabilidade com redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e o aumento da produtividade industrial com tecnologias mais avançadas e eficientes”, avalia Silva.
ATENDENDO À DEMANDA GLOBAL
De acordo com o economista, que está à frente da associação desde janeiro de 2015, será necessário duplicar a produção industrial nos próximos 13 anos para atender à crescente demanda global, e isso trará pressão sobre os recursos industriais e o meio ambiente.
Isso, segundo o executivo, sem considerar o compromisso global assumido no Acordo de Paris, de reduzir em 2ºC a temperatura, nos próximos 32 anos.
“Para atingir esse objetivo, seria necessário chegar em 2050 com o mesmo nível de emissões de GEE de 1970.”
Na prática, as emissões de gases por pessoa, por dia no mundo precisam cair de 28 mil gramas de dióxido de carbono para quatro mil gramas de CO2.
No entendimento do presidente da ABBI, as novas tecnologias são o caminho para atingir essas metas: “A biotecnologia industrial está aqui para resolver esse problema”.
BRASIL COMPETITIVO
Na visão dele, o Brasil tem condições de competir e produzir inovações com os principais players globais.
“A biotecnologia industrial é uma atividade recente no mundo e o Brasil compete e produz tecnologias em pé de igualdade com os demais países. Nós estamos na vanguarda da biotec industrial, mas precisamos prestar atenção para não perder esse bonde”, afirma.
Silva aponta como vantagem competitiva a grande disponibilidade de biomassa, que é a matéria-prima para essa indústria. “O Brasil tem a maior disponibilidade e o menor custo de biomassa no mundo.”
Segundo ele, entretanto, o País está atrás em termos de políticas públicas e regulação, pesquisa e desenvolvimento, além do nível de atividade produtiva.
ESTRATÉGIA NACIONAL
De acordo com a Associação Brasileira Biotecnologia Industrial, para superar esses obstáculos, é necessário estabelecer uma estratégia nacional de longo prazo e um marco regulatório moderno para a bioeconomia avançada.
A ABBI também aponta para a necessidade de reduzir os riscos à propriedade intelectual e aos custos para investimentos no Brasil, seja em produção ou pesquisa e desenvolvimento.
Na opinião do presidente da instituição, são essenciais a precificação de carbono e o nivelamento de incentivos aos aplicados à indústria de base fóssil.
Silva diz que, além disso, é fundamental que o setor comunique de forma simples e atrativa os benefícios e o propósito da biotec industrial, a fim de atrair as mentes e os corações da sociedade para essa nova indústria.
120 BIORREFINARIAS EM 20 ANOS
O executivo acredita que, se todas essas barreiras forem superadas, o Brasil tem potencial para ter 120 novas biorrefinarias nos próximos 20 anos, produzindo etanol e outros bioprodutos.
Isso representaria um acréscimo ao Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 160 bilhões de dólares por ano, de forma direta e indireta, nas próximas duas décadas.
Em termos de investimentos, as novas biorrefinarias representariam uma injeção na economia cerca de 400 bilhões de dólares, via seus efeitos diretos e indiretos.
“É um desafio enorme, mas já foi feito antes no Brasil com o Pró-Álcool e pode ser realizado novamente”, afirma Silva.
SAIBA MAIS
Essa e outras matérias podem ser lidas na 11ª edição da Agroenergia em Revista, que teve como tema a “Vitrine Tecnológica da Unidade”.
A edição está disponível em https://goo.gl/SC5R8D (link encurtado).
Fonte: Embrapa Agroenergia com edição d’A Lavoura