Biodiesel favorece a oferta de alimentos no Brasil

Enquanto se discute a retomada do aumento progressivo do teor de biodiesel adicionado ao diesel fóssil, a inflação de janeiro no Brasil registrou um aumento de 0,53% puxada pelo preço dos alimentos, segundo divulgou na última quinta-feira (9/2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O cenário poderia ser um pouco diferente se ao invés dos atuais 10% (B10), a mistura de biodiesel fosse maior, já que a produção do biocombustível estimula o processamento da soja em grão e, portanto, de óleo de soja, sua principal matéria-prima, aumentando assim a oferta de farelo para a alimentação animal, o que resulta em melhores preços de produtos como carnes, ovos e produtos lácteos.

No relatório final do Grupo Técnico de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lançado no fim de dezembro de 2022, o governo afirma que “neste sentido, aos preços atuais, o aumento de 10% para 15% implicaria em uma variação de preços do diesel ao consumidor ‘na bomba’ de R$ 0,05 por litro, com impacto estimado no IPCA de 0,002%”.

No entanto, indicou o relatório, “o aumento da mistura de biodiesel proporciona o aumento da produção de farelo de soja a ser consumido pelas cadeias de proteína animal, com a consequente redução de preços equivalente a 0,25% do IPCA, assim auxiliando na redução da inflação de 0,23% do IPCA”.

Impactos

Cabe ainda mencionar que os impactos do biodiesel no diesel também foram calculados considerando o IGP-M. Neste caso, o aumento de 1% de biodiesel na mistura geraria um impacto direto e indireto de apenas 0,01% no índice, ou seja, um efeito bem inferior ao ganho proporcionado ao consumidor.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) reforça que cada ponto percentual a mais de biodiesel na mistura gera uma maior produção de farelo.

Observando as estatísticas históricas, levantadas e mantidas pela associação, se confirma o movimento de que mais biodiesel acarreta em mais alimentos.

Esta análise parte do esmagamento da soja anual no País em dois intervalos distintos: de 1990 até 2007 e de 2008 (quando teve início o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel – PNPB) até 2022. Entre 2008 e 2022, 90 milhões de toneladas de soja foram esmagadas a mais devido ao biodiesel. Isso representa cerca de 16% do total processado no período (502 milhões de toneladas).

A retomada da mistura do biodiesel neste ano também pode incrementar a produção de óleo de soja, produto de grande presença na mesa do brasileiro, em mais de 500.000 toneladas.

Estimativas

As mais recentes estimativas da Abiove para a atual safra apontam para uma produção de mais de 40 milhões de toneladas de farelo de soja e de 10.7 milhões de toneladas de óleo, volumes recordes.

Vale ressaltar que a entidade elaborou seus levantamentos considerando a retomada do cronograma de mistura de biodiesel ao diesel comercial em 15% (B15), a partir de março, conforme previsto em lei.

Fonte: Abiove
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