Bienal debate o agronegócio do Centro-Oeste

O presidente da Famato, Rui Prado, fala aos mil participantes do evento

Logística, biotecnologia e biossegurança e fortalecimento político do setor foram temas de destaque a Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central 2013, um dos principais eventos do agronegócio brasileiro, que reuniu mil produtores rurais, executivos e lideranças políticas em Cuiabá (MT). De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, a participação conjunta dos estados do Centro-Oeste e Distrito Federal reafirma a força da região para o desenvolvimento do país.

“Receber um evento que nasceu aqui e que hoje congrega todos os estados do Centro-Oeste para discutir os assuntos que vão pautar o agronegócio pelos próximos 20 anos é de extrema importância”, disse Prado.

O economista Paulo Rabelo de Castro, sócio da RC Consultores, ressaltou que o fortalecimento político é imprescindível para o setor do agronegócio.  Para ele, o Brasil é um país com extremo potencial, “muita capacidade empreendedora, mas com baixo DNA de planejamento estratégico. O que temos de impulso nos falta em direção”. Acentuou que o Centro-Oeste tem um enorme potencial e o futuro do campo precisa ser capturado imediatamente.

“O importante é conseguirmos saber se este futuro que passa por aqui vai ficar aqui.”

Considerada de fundamental importância, a logística foi alvo de uma pesquisa, realizada pela empresa macrologística e apresentada pelo seu sócio e diretor Olivier Roger Sylvain Girard. O estudo aponta que R$ 100 por tonelada de grãos separam agricultores de Mato Grosso da sonhada superação de gargalos logísticos no escoamento da produção. Essa é a diferença nos custos de frete no comparativo entre duas grandes rotas de escoamento de safra, considerando os mesmos pontos de partida e chegada, o polo de Lucas do Rio Verde e Shangai, na China: os tradicionais portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) e as vias de Miritituba e Santarém (PA), pela rota da BR-163, ainda não pavimentada no estado vizinho. Numa rápida matemática, a diferença na planilha do setor chega a um montante de R$ 2,4 bilhões por safra.

O estudo indica, ainda, que o preço pago pelo produtor para escoar uma tonelada de grãos pelos dois maiores portos do Centro-Sul do país é de R$ 333, ao passo que a despesa cai para R$ 238 a tonelada com o caminho pavimentado BR-163 Norte afora.

A biotecnologia foi outro tema amplamente debatido e a sua inserção no rol de discussões da Bienal revela a necessidade de compartilhar informações, tanto a respeito da aplicação da tecnologia, quanto da sua comercialização.

“O universo transgênico torna-se cada vez mais complexo, é uma tendência e isso reflete na comercialização do produto”, observou Marcus Vinícius Segurado Coelho, coordenador de Biossegurança de OGM da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), durante talk show “O  futuro da biotecnologia – os desafios da biossegurança e modelos de remuneração”.

Segundo dados do Mapa, de 2005 a 2013 foram autorizados 36 tipos diferentes de transgênicos – milho, soja, algodão e feijão –, mas apenas uma minoria está em produção comercial como é o caso da soja. Dos cinco tipos autorizados, apenas dois estão efetivamente no mercado. Apesar de uma resistência inicial, os transgênicos derrubaram barreiras e hoje são 40 milhões de hectares cultivados com soja, milho e algodão no país.

A edição 2015 da Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central, ao contrário dos anos anteriores, que teve a capital matogrossense  como anfitriã, será realizada em Brasília.

Por Equipe SNA/SP
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