Barter: Cobertura nos mercados futuros é essencial no trigo

Segundo o analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco, a cobertura (hedge) nos mercados futuros é “essencial” para realizar operações de barter envolvendo trigo. A cobertura nos mercados futuros é feita quando falta uma das pontas do negócio, isto é, quando faltam ou comprador ou vendedor.

“Como em nosso País, devido ao clima muitas vezes adverso, não há garantias de qualidade na colheita, as tradings não se animam a comprar antecipadamente a commodity (fizeram isto em 2013 e houve muitíssimos problemas)”, disse Pacheco.

“O melhor caminho é a cobertura nos mercados futuros, que conseguirá fixar bons preços, agregando valores ao lote, independentemente da qualidade do que for colhido. O preço pode ser fixado até dois anos antes do mês de entrega do produto (a cotação de dezembro/16, por exemplo, começou a ser cotada em Chicago em maio de 2014).

Durante todo este tempo existirão oscilações de preço que permitirão aos vendedores fixar preços que julgarem lucrativos. No caso da safra 2015/16, por exemplo, houve diversas chances de fixação de preços do trigo entre R$ 50,00-56,00/saca, quando o melhor preço do mercado físico foi R$ 41,00/saca”, disse.

De acordo com o especialista, se a qualidade não for a ideal na colheita, o lote físico sofrerá um desconto, mas receberá integralmente o valor ganho no mercado futuro, que será adicionado ao valor obtido no mercado físico.

“Suponhamos que um moinho ou cooperativa, ou cerealista fez uma fixação de preço em março a R$ 45,00/saca para trigo com 12% de proteína, dos quais R$ 39,00 venham do mercado físico e R$ 6,00, do mercado futuro. Contudo, na época da colheita o clima estragou tudo e só foi colhido trigo forrageiro, cujo valor seja de R$ 25,00/saca. O vendedor venderá no mercado físico este trigo a R$ 25,00 e ganhará mais os R$ 6,00 do mercado futuro, totalizando um preço final de R$ 31,00/saca, quando o vizinho, que não fez a cobertura, recebe apenas R$ 25,00/saca”, exemplifica.

Pacheco ressalta que nos casos de soja, milho, café, algodão, açúcar e etanol os agricultores ou seus representantes (cooperativas e cerealistas) não costumam fazer cobertura. Nessas culturas quem faz são as tradings e somente quando ainda não tiverem conseguido repassar no mercado internacional os volumes comprados no Brasil.

 

 

Fonte: Agrolink

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