Balanço Safras & Mercado: soja, milho, trigo, algodão, boi gordo, suíno e frango

Alta do dólar garante recuperação dos preços da soja em junho

O mês de junho marcou a recuperação dos preços da soja no mercado brasileiro, diante da valorização do dólar e de alguns repiques dos contratos futuros na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). Mas, com exceção de alguns escassos dias, a movimentação permaneceu lenta, com negócios apenas pontuais.

Entre os dias 31 de maio e 29 de junho, a saca de 60 quilos subiu de R$ 64,00 para R$ 65,00 em Passo Fundo (RS). No mesmo período, o preço passou de R$ 61,00 para R$ 62,50 em Cascavel (PR). No Porto de Paranaguá (PR), a cotação avançou de R$ 68,00 de R$ 69,50.

Em Rondonópolis (MT), o preço subiu de R$ 58,00 para R$ 59,50. Em Dourados (MS), a saca passou de R$ 56,00 para R$ 56,50. Em Rio Verde (GO), o preço seguiu estabilizado na casa de R$ 58,00.

A elevação foi consequência da valorização de 2,2% acumulada pelo dólar comercial, que passou de R$ 3,237 para R$ 3,308, com repiques de R$ 3,340. A crise política no Brasil acabou dando sustentação à moeda e garantindo a melhora nas cotações internas.

Na Bolsa de Chicago, os contratos com vencimento em julho tiveram desvalorização de 0,05%, encerrando a quinta na casa de US$ 9,15 ½. Mas durante o mês, a posição chegou a testar o suporte de US$ 9,00 por bushel, em meio ao bom desenvolvimento das lavouras norte-americanas, encaminhando mais uma safra cheia.

As exportações de soja em grão do Brasil renderam US$ 2.627 bilhão em junho (16 dias úteis), com média diária de US$ 164.2 milhões. A quantidade total exportada pelo país no período chegou a 7.184 milhões de toneladas, com média diária de 449.000 toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 365,70.

Na comparação entre a média diária de junho e maio, houve uma queda de 11,1% no valor exportado e de 9,9% no volume embarcado. O preço recuou 1,4%. Na comparação com junho de 2016, houve um aumento de 21,6% na receita, de 27,3% no volume e baixa de 4,5% no preço.

Fonte: Dylan Della Pasqua/Agência Safras

 

Milho tem junho de perdas com começo da entrada da safrinha

O mercado brasileiro de milho teve um mês de junho de quedas nas cotações e ritmo bem fraco na comercialização. Pouco a pouco, o mercado foi recebendo a pressão do início da colheita da safrinha nas regiões produtoras e naturalmente as cotações foram cedendo, ainda de forma gradual e regionalizada.

Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o mercado brasileiro de milho se deparou com cotações pressionadas no decorrer do mês de junho. “A colheita do milho safrinha resultou em pressão de baixa nos preços locais. O avanço dos trabalhos no curto prazo tende a aumentar essa pressão, levando a um quadro de cotações ainda mais baixas”, disse.

Para o analista, o conturbado cenário político adicionou instabilidades no mercado cambial. Mesmo assim, disse, os preços no porto também experimentaram significativa queda. “Os leilões que se concentravam no Mato Grosso passarão a ser realizados em Goiás e no Mato Grosso do Sul durante o próximo mês”.

No balanço do mês, o preço do milho na venda na Mogiana Paulista caiu de R$ 26,50 para R$ 24,00 a saca de 60 quilos. A cotação em Campinas (CIF) recuou de R$ 29,00 para R$ 26,70. Já em Cascavel, no Paraná, o preço caiu de R$ 25,50 para R$ 21,00 a saca.

Em Uberlândia (MG), o milho baixou de R$ 27,50 para R$ 23,50 a saca. Em Rondonópolis (MT), mercado cedendo de R$ 18,50 para R$ 16,00. Já no Rio Grande do Sul, o milho em Erechim caiu de R$ 28,00 para R$ 26,50 a saca.

Exportações

As exportações de milho do Brasil apresentaram receita de US$ 50.3 milhões em junho (16 dias úteis), com média diária de US$ 3.1 milhões. A quantidade total de milho exportada pelo País foi de 308.300 toneladas, com média de 19.300 toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 163,00. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços e foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.

Na comparação com a média diária de maio, houve uma elevação de 29,9% no valor médio exportado, uma alta de 36,8% na quantidade média diária e perda de 5% no preço médio. Na comparação com junho de 2016, houve um ganho de 1.472% no valor médio diário exportado, elevação de 2.100% na quantidade média diária e desvalorização de 28,6% no preço médio.

Fonte: Lessandro Carvalho/Agência Safras

 

Redução da oferta eleva preços do trigo no Brasil no fim de junho

O mercado interno de trigo vai encerrando o mês de junho, o penúltimo do ano comercial, com elevações nos preços, justificadas por reduções de oferta, não só no âmbito doméstico, mas também em termos de Mercosul, devido a redução dos excedentes exportáveis nos países vizinhos, tendo destaque para Paraguai, Uruguai e Argentina.

Segundo o analista de Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro, a maioria das indústrias de maior porte encontra-se bem abastecida, tendo antecipado as compras quando as cotações estavam mais baixas, tendo pouca necessidade de novas aquisições neste momento, e assim, aguardando pelo ingresso da próxima safra para voltar a negociar.

Na Argentina, os trabalhos de plantio atingem 64,7% da área esperada, que é aguardada 7,8% superior a da atual temporada. “Mesmo com alguns poucos atrasos em relação ao excesso de umidade em algumas regiões do país, o desenvolvimento foi bom”, disse o analista.

No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), os trabalhos atingem 92% da área estimada para o Estado. Conforme o Deral, 94% das lavouras estão em boas condições e 6% em condições médias, divididas entre as fases de germinação (7%), crescimento vegetativo (77%), floração (10%) e frutificação (6%). A comercialização atinge 5%. A plantada com trigo é estimada em 977.320 hectares, 11% abaixo dos 1.1 milhão de hectares da safra anterior. A produção deve totalizar 3.68 milhões de toneladas, 12% abaixo das 3.486 milhões de toneladas da última temporada. A produtividade média é projetada em 3,14 toneladas por hectare.

Já no Rio Grande do Sul, com a melhora nas condições do solo, em função da diminuição da umidade excessiva em todas as regiões, os produtores puderam dar andamento aos trabalhos de plantio de inverno. No avanço do percentual de área semeada com trigo, o ritmo do plantio foi mais lento do que na semana anterior, devido ao fato de os pequenos produtores terem finalizado suas áreas. Resta agora os grandes produtores fazerem o mesmo, mas respiram um pouco mais aliviados com a perspectiva de conseguirem implantar a cultura dentro do período recomendado.

Nesta semana o percentual de área semeada chega a 71%, contra uma média para a época de 74%. A umidade do solo em nível favorável à semeadura e a previsão de poucas chuvas para os próximos dias deixam os produtores tranquilos. Lavouras implantadas antes do longo período de chuvas ainda apresentam desenvolvimento com baixo perfilhamento e plantas amareladas, porém, com visível melhora. A germinação e o desenvolvimento inicial das áreas implantadas após as chuvas são considerados muito bons.

Fonte: Gabriel Nascimento/Agência Safras

 

Junho fecha com movimentação lenta no mercado doméstico de algodão

O mercado brasileiro de algodão vai encerrando o mês de junho com ritmo lento de negociação no disponível. “Embora alguns vendedores estejam mais flexíveis na hora da venda, seja para alguns lotes da safra 2015/16 ou para safra 2016/17, a maior parte dos compradores espera por maior pressão de oferta, pois, teoricamente, com mais pluma disponível, os preços tendem a ceder”, disse o analista de Safras & Mercado, Cezar Marques da Rocha Neto.

Segundo o analista, a safra brasileira 2016/17 está atrasada em consequência de chuvas e clima não favorável à colheita na Bahia e em algumas outras regiões. “Assim, este atraso é mais um fator para que os compradores fiquem mais cautelosos e aguardem para comprar”, pondera.

O mercado futuro (julho-agosto) já tem apresentado preços menores do que os praticados no CIF de São Paulo, de R$ 2,46 por libra-peso. “Há algum spread entre compradores e vendedores, mas já é menor e tem saído maior volume de negócios”, disse.

No CIF de São Paulo, a pluma está sendo indicada a R$ 2,70 por libra-peso. Quando comparado ao mês anterior, apresenta queda de 0,74%. Em relação ao ano anterior, a alta é de 3,05%.

Fonte: Rodrigo Ramos/Agência Safras

 

Boi gordo passou por grande estresse em junho

O mercado de boi gordo teve um mês de forte queda nos preços em junho. “O mercado pecuário atravessou por um período de grande estresse no decorrer do mês”, aponta o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

Segundo ele, as incertezas em torno do setor ganharam corpo após o embargo imposto pelos EUA a carne bovina brasileira. “Os pecuaristas optaram por evitar negociações com o Grupo JBS. Com isso outras unidades frigoríficas não encontraram dificuldades na composição de suas escalas de abate”, disse.

Enquanto isso, os preços do boi gordo e da carne bovina no atacado apresentaram intensa queda. O auge da safra de boi gordo também justifica esse quadro, assim como as exportações abaixo das necessidades mercadológicas.

Os preços da arroba do boi gordo nas principais praças de comercialização estavam assim no final de junho:
* São Paulo – R$ 127,00 a arroba, contra R$ 133,00 no final de maio.
* Goiás – R$ 116,00, contra R$ 119,00 a arroba.
* Minas Gerais – R$ 120,00, contra R$ 125,00 a arroba.
* Mato Grosso do Sul – R$ 118,00 contra R$ 121,00 a arroba.
* Mato Grosso – R$ 119,00, contra R$ 123,00 a arroba.

Fonte: Fábio Rübenich/Agência Safras 

 

Oferta excedente pressiona cotações da carne suína em junho

O mercado brasileiro de carne suína sofreu com o excedente de oferta neste mês de junho, provocando queda nos preços em todo o período. A avaliação é do analista de Safras & Mercado, Allan Maia.

O cenário negativo é explicado pela demanda interna arrefecida e também pelo fraco desempenho das exportações ao longo das últimas semanas. “Alto fluxo de exportação é essencial para o bom andamento do mercado, considerando que a demanda interna segue comprometida devido à crise econômica”, disse o analista.

Outro ponto importante neste momento é que a disputa entre as proteínas animais está mais acirrada. “As recentes quedas nos preços da carne bovina a tornam mais atrativa ao consumidor médio”, disse Maia.

Em São Paulo, a arroba do suíno vivo caiu mais de 12%, passando de R$ 73,00 para R$ 64,00 entre os dias 1 e 29 de junho. No mercado integrado do Rio Grande do Sul, o quilo caiu 4%, de R$ 3,23 para R$ 3,10. Na integração catarinense, a desvalorização foi de 6,65%, passando de R$ 3,31 para R$ 3,09.

As exportações de carne suína “in natura” do Brasil renderam US$ 101.8 milhões em junho (16 dias úteis), com média diária de US$ 6.4 milhões. A quantidade total exportada pelo País no período chegou a 38.200 toneladas, com média diária de 2.400 toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 2.667,40.

Em relação a maio, ocorreu uma elevação de 24,6% na receita média diária, ganho de 25,7% no volume diário e perda de 0,9% no preço. Na comparação com junho de 2016, houve alta de 23,8% no valor médio diário exportado, retração de 1,6% na quantidade média diária e valorização de 25,9% no preço médio.

Dylan Della Pasqua/Agência Safras

 

Exportações abaixo do esperado seguram preços do frango em junho

A avicultura de corte brasileira atravessou outro mês conturbado, segundo avaliação do analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias. “Os preços internos não apresentaram sustentação para o frango vivo”, disse.

O quadro foi ainda mais dramático para o mercado atacadista. O desempenho das exportações aquém das expectativas produziu excedente de oferta. Além disso, o cenário ainda convive com grandes incertezas a respeito da situação do Grupo JBS, uma das principais empresas do setor.

“O cenário é imprevisível e novos desdobramentos podem acontecer no curto prazo. O grande alento para o setor ainda está nos custos de produção declinantes no decorrer do ano”, disse o analista.

No mercado de São Paulo, o quilo do frango vivo abriu e fechou o mês na casa de R$ 2,50 o quilo. Em Minas Gerais, a cotação iniciou junho a R$ 2,45 e está fechando a R$ 2,10. Nos mercados integrados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, os preços passaram de R$ 2,35 para R$ 2,10 e de R$ 2,30 para R$ 2,05, respectivamente.

As exportações de carne de frango “in natura” do Brasil renderam US$ 417.4 milhões em junho (16 dias úteis), com média diária de US$ 26.1 milhões. A quantidade total exportada pelo País chegou a 250.300 toneladas, com média diária de 15.600 toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 1.667,80.

Na comparação com maio, houve alta de 8,8% no valor médio diário exportado, ganho de 7,8% na quantidade média e valorização de 0,9% no preço médio. Em relação a junho de 2016, houve baixa de 5,2% no valor médio diário da exportação, perda de 10,7% na quantidade média diária exportada e valorização de 6,2% no preço médio.

Dylan Della Pasqua/Agência Safras

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