Com a redução contínua nas importações, a Balança Comercial brasileira registrou superávit de US$ 2.095 bilhões na primeira semana de agosto (de 1 a 9). Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, o valor foi alcançado com exportações de US$ 4.845 bilhões e importações de US$ 2,751 bilhões.
Houve aumento de 8,40% na média diária das exportações na comparação com o mesmo mês do ano passado, com alta de 35,50% nos produtos agropecuários, queda de 0,90% nos produtos da indústria extrativa e crescimento de 3,60% nos produtos da indústria de transformação.
Já as importações registraram queda de 22,30%, com recuo de 19,60 % nos produtos da indústria de transformação e de 78,90% nos produtos da indústria extrativa e aumento de 19,60% nos produtos agropecuários.
No acumulado do ano, o saldo comercial é superavitário em US$ 32.080 bilhões, 216,30% a mais do que no mesmo período do ano passado. O valor é resultado de exportações de US$ 125.737 bilhões (- 6,20%) e importações de US$ 93.657 bilhões (- 11,50%).
Milho
As exportações brasileiras de milho alcançaram dois milhões de toneladas na primeira semana de agosto e superaram os embarques de soja no período, segundo dados do governo federal divulgados ontem, na medida em que avança a colheita da segunda safra do cereal no País.
A média diária de embarques de milho passou de 332.800 toneladas em agosto de 2019 para 408.500 toneladas nos cinco primeiros dias úteis deste mês, de acordo com a Secex.
Na soja, as exportações somaram 1.59 milhão de toneladas na primeira semana do mês, com média diária de 318.700 toneladas, contra 227.500 toneladas em agosto do ano passado.
A colheita da safrinha de milho já ultrapassou 90% da área em Mato Grosso e um terço das lavouras do Paraná, os dois principais estados produtores do cereal, aumentando a disponibilidade do grão para exportação. Com o avanço dos trabalhos, a expectativa é que os embarques se intensifiquem ao longo do segundo semestre.
Os embarques de milho devem agora ganhar ritmo, após o Brasil exportar volumes recordes de soja no primeiro semestre, o que reduziu a disponibilidade da oleaginosa.
Açúcar
Outro destaque entre as commodities ficou com o açúcar, cujas exportações mais que dobraram na primeira semana de agosto, com alta de 127% na média diária de embarques para 164.000 toneladas. Em cinco dias úteis, o país exportou 820.000 toneladas.
As exportações de café verde aumentaram 50,90%, para 12.900 toneladas ao dia, acumulando 64.800 toneladas (1.08 milhão de sacas de 60 kg) na parcial deste mês.
Carne bovina
Nos cinco primeiros dias úteis de agosto, a média diária exportada de carne bovina in natura foi de 8.810 toneladas, com aumento de 43,50% na comparação com o mesmo período do ano passado, que registrou a média exportada de 6.140 toneladas.
Segundo os dados da Secex, o volume embarcado alcançou 44.060 toneladas de carne bovina na primeira semana de agosto, sendo que no ano passado o total exportado em todo mês de agosto foi de 135.100 toneladas.
Compras chinesas
Segundo o analista da consultoria Agrifatto, Yago Travagini, o desempenho das exportações nesta primeira semana do mês reforça que as compras chinesas devem seguir aquecidas nos próximos meses.
No mês passado, os chineses levaram 51%, ou seja, mais de 87.000 toneladas. O volume desta semana, mais de 8.000 toneladas diárias, corresponde à expectativa de que eles devem acelerar as compras até novembro.
Os preços médios ficaram próximos de US$ 4.035,600 por tonelada, com queda de 3,32% se comparado ao mesmo período do ano anterior, que registrou um preço médio de US$ 4.174,00 por tonelada.
“O valor está bem menor do que no início do ano, e isso pode ser reflexo do câmbio e também das renegociações das compras dos chineses do produto brasileiro”, ressaltou o analista da Agrifatto.
Preços
Outro fator influente foi a redução do preço, por parte dos grandes compradores, da tonelada de carne bovina, conforme observado na Rússia, Egito, Líbano, Arábia Saudita e Emirados Árabes, que diminuíram o preço pago pela tonelada em julho/20, reportou Travagini.
A receita foi US$ 177.8 milhões na primeira semana de agosto. No mês de agosto é de US$ 563,9 milhões. A média diária foi de US$ 35.563 milhões, com aumento de 38,75% em relação ao mesmo período do ano passado, que ficou em US$ 25,632 milhões.
Carne suína
Os primeiros cinco dias úteis do mês de agosto foram de negociações muito aquecidas para a exportação de carne suína, segundo os dados da Secex.
O volume embarcado nesta primeira semana do mês representa um percentual em torno de 62% do total exportado em agosto de 2019. Da mesma forma, a receita obtida com as vendas representou 60% na comparação com a receita no mesmo mês do ano passado.
Segundo Travagini, como a primeira semana do mês já apresentou resultado surpreendente, é possível que o mês de agosto supere o recorde de 2020 estabelecido em maio, passando das 90.700 toneladas.
O faturamento na primeira semana de agosto com as exportações de carne suína foi de US$ 66.127 milhões (cerca de 60,60% da receita em agosto de 2019, que foi de US$ 109.114 milhões).
As 30.365 toneladas exportadas por enquanto representam 61,96% do volume embarcado no mesmo mês do ano passado de 49.003 toneladas.
Média diária
A média diária paga pela carne suína exportada no começo deste mês foi de US$ 13.225.56, quantia 166,66% superior ao valor de US$ 4.959.73, praticados no mesmo mês do ano passado.
Já a média diária embarcada, de 6.073 toneladas até quinto dia útil do mês, é 172,65% superior às 2.227 toneladas registradas em agosto de 2019.
Em relação ao preço pago por tonelada, o recuo em agosto está estimado em 2,20%, quando comparados os US$ 2.177,75 praticados atualmente, contra os US$ 2.226,65 no mesmo mês do ano passado.
China
Travagini afirmou que a China continua puxando as exportações brasileiras, fazendo estoques e se programando para o feriado do Ano Novo Chinês.
“Nunca tínhamos visto um cenário da China comprando tanta carne suína como agora. Apesar de vermos uma queda no preço pago por tonelada, isso se explica basicamente pelo dólar, que ficou com a média um pouco acima do que foi em julho, em torno de R$ 5,40. Dessa forma, as indústrias negociam melhor e conseguem receber mais em reais”, disse.
Carne de frango
Desempenho muito bom e inesperado. É assim que o analista da Agrifatto considerou o resultado das exportações de carne de frango nos primeiros cinco dias úteis de agosto. A Secex informou que houve aumento na média diária de toneladas embarcadas e no pagamento por média diária.
A média diária paga pela carne de frango exportada em agosto foi de US$ 30.365,56, quantia 20,34% maior que o valor de US$ 25.233,00 de agosto do ano passado. Já a média diária embarcada de frango foi de 23.478 toneladas na primeira semana deste mês – 54,40% superior que as 15.205 toneladas em agosto de 2019.
Em relação ao preço pago por tonelada, a queda neste mês de agosto está estimada em 22,06%, quando comparados aos US$ 1.293,00 praticados atualmente, contra os US$ 1.659,00 no mesmo mês do ano passado.
“A média diária embarcada no começo desse mês ficou quase 60% maior do que o que foi registrado no mês passado, e se continuar nesse ritmo, agosto deverá ser um mês promissor”, disse Travagini.
O faturamento nos primeiros cinco dias úteis de agosto com as exportações de carne de frango foi de US$ 151.827,00, cerca de 27,34% da receita com a venda do produto em agosto de 2019, que foi de US$ 555.139,00.
No caso do volume exportado, no mês de julho foram embarcadas 117.390 toneladas, 35,09% do volume embarcado em junho passado, de 334.528 toneladas.
Segundo analistas, é preciso saber como ficará a situação de quem está importando, porque ainda não há muita visibilidade sobre os países com demanda.
O que deve ser levado em conta, acrescentam os analistas, é que os parceiros comerciais do Brasil que compram proteína, como Japão, Coréia do Sul e Oriente Médio, estão com a economia em curso de recuperação.
Fontes: Reuters/Notícia Agrícolas/Estadão Conteúdo
Equipe SNA