Por Mauro Zafalon
As receitas externas do agronegócio vão impulsionar menos a economia brasileira neste ano. As exportações perdem força e vão render menos do que no ano passado.
Os preços externos de commodities estão em queda. No ano passado, as exportações totais do setor foram recordes, somando US$ 102 bilhões. Neste ano, deverão ser pelo menos US$ 8 bilhões inferiores. A principal queda vem do complexo soja, o líder nas vendas brasileiras.
Após ter registrado um patamar recorde em 2018, quando as receitas em dólares atingiram US$ 41 bilhões, as exportações do setor podem recuar para US$ 33 bilhões neste ano. Volume e preço menores vão determinar a queda.
Em 2018, por causa da guerra comercial dos Estados Unidos com a China e da quebra de safra na Argentina, o Brasil elevou para um patamar recorde o volume exportado para os chineses.
As carnes, outro item de importância para a Balança Comercial, poderá ter comportamento inverso ao da soja. A China também determinará o desempenho do setor. O efeito da peste suína africana no país asiático é tão grande que a produção de carne suína poderá cair 30%.
Com isso, a China vai elevar as importações de proteínas, abrindo espaço para os produtos brasileiros. As exportações deste ano poderão superar em pelo menos US$ 1 bilhão o patamar de US$ 14.7 bilhões de 2018.
O terceiro principal item da Balança Comercial do agronegócio, os produtos florestais, também não terá o mesmo bom desenvolvimento de 2018. As exportações devem recuar para US$ 13 bilhões, em razão da redução de preços da celulose.
Quanto às exportações de madeiras, elas vão depender do ritmo das economias dos Estados Unidos, do Canadá e da China, grandes importadores do Brasil. As exportações de açúcar, que em 2018 já tiveram desempenho bem inferior ao de 2017, voltam a recuar neste ano.
As vendas externas se manterão em volume, mas as receitas, por causa dos preços externos menores, deverão cair próximo de 5%. Em 2018 somaram US$ 6.5 bilhões.
Café e suco também perdem espaço na balança deste ano. Em ambos os casos, os preços internacionais estão em queda. As exportações de café crescem em volume, mas as receitas poderão ficar abaixo dos US$ 5 bilhões do ano passado.
As exportações de suco de laranja, em razão da demanda externa menor pela commodity nos últimos anos, ficarão abaixo dos US$ 2 bilhões do ano passado. Já milho e algodão melhoraram suas posições.
O país terá mais milho para exportar, por causa da grande produção deste ano. O cereal do Brasil vai concorrer, no entanto, com o da Argentina, país que terá safra recorde.
O comportamento do dólar será decisivo para o produto brasileiro. Nos patamares atuais, dará boa competitividade ao cereal. No caso do algodão, o volume exportado cresce, e as receitas deverão superar os US$ 2 bilhões do ano passado.
Folha de S. Paulo