Avanço de provedores regionais impulsiona conectividade em áreas rurais, aponta pesquisa

O número de domicílios com acesso à internet em áreas rurais do País aumentou durante a pandemia, passando de 53%, em 2019, para 73%, em 2021, um crescimento de 20% segundo a pesquisa TIC (tecnologias da informação e comunicação). Segundo os pesquisadores envolvidos no levantamento, o número de provedores regionais (ISPs) desempenhou papel importante na expansão da conectividade.

O estudo foi realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Segundo outra pesquisa do grupo, a TIC ISPs, em 2017 existiam cerca de 2.000 provedores no Brasil. Em 2020, esse número chegou a aproximadamente 6.000. Os ISPs são considerados muito importantes para levar fibra a cidades mais afastadas do País, um dos maiores desafios para a expansão da conectividade.

Apesar do aumento da rede de fibra, nas áreas rurais ainda há forte presença de conexão móvel, via satélite e por rádio. Nestas regiões, os domicílios que utilizam fibra representam 39%; seguido por rede móvel (20%); satélites (10%); rádio (9%); xDSL, no qual a estrutura de cobre é utilizada (1%); e discada (1%).

Nas áreas urbanas, por outro lado, a fibra tem amplo predomínio (64%); seguido pela rede móvel (17%); satélite (4%); rádio (2%); e xDSL (2%).

Uso do computador

Outra constatação da pesquisa é a diminuição do uso do computador para acesso à internet. Em 2014, o dispositivo representava 80% dos acessos da população, caindo para 42%, em 2019, e 36%, em 2021. Por outro lado, os acessos por televisão superaram o uso do computador.

Em 2014, a conexão pelo dispositivo representava apenas 7%. Em 2019, o percentual subiu para 37%, chegando a 50% em 2021. Atualmente, no entanto, a maior parte dos acessos ocorre por celulares. Em 2014, o número era de 76%. Em 2019, o percentual chegou a 99%, mantendo o mesmo patamar em 2021.

Desigualdades digitais

Apesar do avanço da conexão em áreas rurais, o levantamento mostra que as desigualdades digitais persistem no País. Do total de usuários, 64% fazem uso exclusivo do celular para se conectar à internet. Na Classe A, esse percentual é de 32%, enquanto nas Classes C e D, é de 89%. Segundo os pesquisadores, o uso exclusivo do celular para conexão limita as possibilidades trazidas pela digitalização da sociedade.

Além disso, na estratificação por faixa de renda, 100% dos domicílios da Classe A têm acesso à internet. Na Classe B, o número é de 98%, enquanto na Classe C é de 89%; e nas Classes D e E, 61%. Ao longo dos últimos anos, no entanto, a diferença de casas conectadas entre as Classes A e D e E diminuiu. Em 2015, havia um abismo de 89%, percentual que caiu para 39% em 2021.

A TIC Domicílios mostrou ainda que, em 2021, 81% da população de dez anos ou mais, usou a internet nos últimos três meses, o que corresponde a 148 milhões de indivíduos. Também foi registrado um aumento significativo na proporção de usuários da rede nas regiões Norte (83%), Sul (83%) e Nordeste (78%) em relação a 2019.

Pesquisa

Realizada anualmente desde 2005, a TIC Domicílios tem o objetivo de medir a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação às tecnologias da informação e comunicação.

Em razão das medidas de distanciamento social provocadas pela pandemia, em 2020, a pesquisa foi realizada preferencialmente pelo telefone. Em 2021, o levantamento voltou a adotar um modelo de coleta integralmente presencial.

Os dados foram coletados entre outubro de 2021 e março de 2022, e incluiu 23.950 domicílios e 21.011 indivíduos de dez anos ou mais.

Fonte: Valor
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