Avanço da irrigação esbarra em falta de água

"Temos água, mas ela é mal distribuída pelos períodos de chuva no ano e temos problemas com licenciamento ambiental para a implantação de barragens no curso das águas", diz o assessor técnica da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CNA, Nelson Ananias Filho.
‘Temos água, mas ela é mal distribuída pelos períodos de chuva no ano e temos problemas com licenciamento ambiental para a implantação de barragens no curso das águas’, diz assessor técnico da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CNA, Nelson Ananias Filho.

 

A irrigação, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), representa mais de 70% do consumo de água no País, logo, o setor foi um dos principais prejudicados pela falta de chuvas em regiões produtivas e problemas para armazenagem hídrica têm travado a expansão do setor agropecuário.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a prática poderia crescer em 426% o Valor Bruto da Produção (VBP) se os 30 milhões de hectares destinados à produção agropecuária fossem irrigados, garantindo alta da produtividade sem expansão de área.

“Temos água, mas ela é mal distribuída pelos períodos de chuva no ano e temos problemas com licenciamento ambiental para a implantação de barragens no curso das águas”, diz o assessor técnica da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CNA, Nelson Ananias Filho.

O presidente do Clube da Irrigação e chefe da Divisão Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar-RS), João Augusto Telles, acredita que a reserva de água da chuva seria a saída para aumentar os atuais seis milhões de hectares irrigados no País.

BENEFÍCIOS

Telles destaca que, em média, a produtividade da terra irrigada triplica em relação aos cultivos sem irrigação, chamados de “sequeiro”. Em grãos, frutas e hortaliças (ou orticultura) existem casos de resultados até quatro vezes maiores.

“Isso colabora para atender a demanda da FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura] para o Brasil, aumento da produção de alimentos sem expansão de áreas”, completa o assessor da CNA.

Ananias explica que as práticas de irrigação trazem benefícios ecológicos, como perenização dos rios e abastecimento de lençóis freáticos.

Outra questão são os custos para manter os sistemas operantes na lavoura, que aumenta proporcionalmente a distância entre a água e a plantação ou o pasto.

“O custo com bombeamento e energia elétrica para os equipamentos são altos. A agricultura não pode se dar ao luxo de irrigar sem necessidade”, enfatiza. “A partir do momento que se desmistifica o uso da água e reconhece o benefício para a agricultura, como parte de um ciclo, poderemos expandir com apoio do [Poder] Executivo”, diz.

CAPACITAÇÃO

Apesar do longo percurso para se atingir as perspectivas do setor, o chefe de divisão do Senar admite que a irrigação está crescendo. “Não como nós queríamos, mas está”, afirma. Uma das causas desta expansão é o Moderinfra, programa de incentivo à irrigação e armazenagem do Ministério da Agricultura, que disponibiliza até R$ 2 milhões para empreendimento individual e até R$ 6 milhões para coletivos. O programa tem vigência até junho de 2015.

Em função deste aumento na demanda, o Senar está desenvolvendo um projeto de capacitação para que os produtores aprendam o manejo dos equipamentos e consigam resultados mais eficazes nas práticas de agricultura irrigada.

“As modalidades de aspersão, microaspersão e gotejamento estão em ascensão. Um bom manejo ainda diminui a entressafra”, lembra Telles.

Fonte: DCI

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