Diante do crescimento global do número de consumidores interessados em alimentos mais saudáveis, sem substâncias químicas e em conformidade com os padrões sustentáveis, o mercado de orgânicos ganha cada vez mais força.
No Brasil, o setor conquista maior destaque no varejo, nas feiras municipais e na merenda escolar. Além disso, as ações que relacionam os consumidores com os produtores têm aumentado de maneira considerável. É o caso das compras coletivas pela Internet, da entrega de cestas em domicílio e das comunidades que sustentam a agricultura (CSAs).
Enquanto alguns supermercados reservam espaços específicos para esse tipo de produto, outros realizam promoções e degustações como atrativo a mais para a adoção de uma alimentação mais saudável e segura. Até mesmo na gastronomia há uma preocupação crescente em relação à oferta de pratos com produtos orgânicos.
“A rede Mcdonalds na Alemanha anunciou há poucos dias que vai oferecer hambúrgueres com carne orgânica. Esse é um sinal de que até os grandes da fast food estão se mobilizando”, relata Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), da Sociedade Nacional de Agricultura.
INICIATIVAS
Como forma de fortalecer a cadeia produtiva de alimentos e produtos orgânicos, o CI Orgânicos, que conta com o apoio do Sebrae, desenvolve iniciativas para integrar e difundir informações e conhecimentos do setor.
Uma dessas ações foi o lançamento do “Guia do Consumidor Orgânico – Como reconhecer, escolher e consumir alimentos saudáveis”.
“Conforme aumenta a demanda por alimentos orgânicos, necessitamos oferecer à população informações que beneficiem sua escolha alimentar. O guia tem como objetivo realizar uma ponte entre o consumidor que deseja alimentos mais saudáveis e a produção, informando as pessoas de que maneira são produzidos os alimentos orgânicos”, explica Sylvia Wachsner.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
A publicação aborda questões como alimentação consciente, mercado de orgânicos, perfil do consumidor de orgânicos e verdades e mitos sobre agricultura orgânica. Além disso, oferece dicas de alimentação saudável, ressalta a importância do solo e a água como elementos vivos e fundamentais à sustentabilidade ambiental, e esclarece dúvidas frequentes, como por exemplo, a de que os alimentos orgânicos nunca tiveram origem na transgenia ou na hidroponia (sistema produtivo que utiliza água com fertilizantes).
De acordo com o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, o Guia do Consumidor Orgânico “integra um amplo conjunto de ações que vêm sendo realizadas pelo Centro de Inteligência em Orgânicos da SNA para o incremento do setor”.
Elaborado pelo engenheiro agrônomo Moacir Roberto Darolt, com o apoio do Sebrae e da Itaipu Binacional, a publicação será distribuída entre os produtores orgânicos, terá divulgação nas redes sociais e pode ser acessada nos sites do CI Orgânicos e do OrganicsNet.
“Nosso interesse é que o guia se transforme em viral, e que todos os interessados possam ter acesso à informação. Estamos também abertos a conversar sobre novas parcerias com empresas, varejistas, entidades e produtores interessados em publicar outras tiragens para oferecer a seus consumidores”, complementa Sylvia Wachsner.
GARGALOS
Para ela, apesar das boas iniciativas que permeiam o setor de orgânicos, existem ainda alguns entraves a serem ultrapassados.
“As demandas do mercado ainda têm diversas quebras que necessitam ser atendidas pelos produtores. Há diversos gargalos na cadeia de fornecimento da produção de laticínios e carnes (aves e pecuária), por exemplo, para atender à demanda. Precisamos incrementar nossa produção de grãos orgânicos, de frutas orgânicas, divulgar tecnologias que permitam aos produtores orgânicos melhorar e incrementar sua produtividade, e investir em pesquisa de insumos e sementes orgânicas”, ressalta.
NÚMEROS
Analistas do setor apontam que os orgânicos movimentaram, ano passado, cerca de R$ 2 bilhões, e que em 2016 esse número deverá alcançar R$ 2.5 bilhões. Os especialistas também afirmam que, no próximo ano, o mercado nacional deverá crescer entre 20% e 30%, e que os orgânicos agregam, em média, 30% a mais no preço, quando comparado aos produtos convencionais.
O Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura registra a existência de 11.084 produtores de orgânicos no Brasil, sendo que a maior parte está concentrada no Rio Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438) e Paraná (1.414).
Por equipe SNA/RJ