Artigo: Menos interferência no agronegócio

Por Frederico d`Avila*

O agronegócio é o motor do Brasil e tem sido a força que impulsiona o Produto Interno Bruto, mesmo nos momentos de mais profunda recessão. O setor representa cerca de um terço da soma de todos os bens produzidos aqui no país, gerando milhões de empregos diretos e indiretos, e constitui fator histórico e decisivo na contribuição dos resultados positivos de nossa Balança Comercial.

O agronegócio é um setor pujante, dinâmico, produtivo e altamente tecnológico. A agricultura e pecuária nacionais estão entre as mais competitivas do mundo. Pouquíssimos países são capazes de nos enfrentar na arena internacional de igual para igual. Somos gigantes e assim deve continuar.

O problema sempre é a tentativa de iluminados do governo de impor soluções problemáticas ao setor, conforme ocorreu durante parte significativa dos governos do Partido dos Trabalhadores. Qualquer interferência dos braços gigantescos do estado impunha limites ao nosso trabalho e, como consequência, o Produto Interno Bruto agropecuário sofria.

Foi assim nos anos de 2010, 2012 e 2013. Já em 2016 e 2017, mesmo enfrentando um momento duro da recessão, o setor foi na contramão e cresceu de forma robusta. O problema é que agora técnicos do governo, capitaneados pelo Banco do Brasil, querem colocar o agronegócio contra as cordas.

Sob a justificativa de diminuir os subsídios das taxas de equalização no Plano Safra, querem obrigar o produtor rural a pagar juros de mercado no custeio e investimento. Querem que o campo que gera trabalho, renda e riqueza para o país pague a mesma taxa que o especulador do mercado financeiro.

O setor é favorável a equalizar os juros, mas apenas e quando a taxa básica de juros, a Selic, se acomodar em patamares civilizados. É impossível impor valores de 9% ou 10%. Se assim for, o agronegócio vai quebrar por total e completa inviabilidade. Afinal, todos os produtores vão preferir colocar dinheiro para render no banco e não na terra.

É importante notar que a história dos juros subsidiados é apenas meia verdade. Há um subsídio, sim, mas o produtor é amontoado com uma série de custos que tornam o dia a dia muito mais caro do que nossos pares no Paraguai, por exemplo. Na comparação com nosso vizinho, a tributação brasileira é muito mais excessiva e complexa, os encargos trabalhistas são gigantescos, e os preços de máquinas e equipamentos exorbitantes.

Quando técnicos do governo criticam os subsídios de taxa, estão, portanto, escondendo a verdade. Estão olhando apenas planilhas frias com números e não fazem ideia da realidade do campo (muito menos o cheiro da terra). Estão encerrados na corte de Brasília, desconectados do mundo real de quem trabalha e quem produz.

O setor do agronegócio está disposto a conversar com o governo para mostrar fatos. Queremos construir uma proposta comum e não sermos sufocados com ideias sem cabimento ou desconexas.

 

*Frederico D’Avila é deputado estadual (PSL-SP), produtor rural de grãos de alta tecnologia no sudoeste paulista, conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e vice-presidente da AproSoja-Brasil

 

Brasil Econômico

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