Por Júlio Henrichs de Azevedo*
Por acreditar que a principal essência de datas comemorativas é a oportunidade de reflexão, aproveito deste dia 21 de setembro de 2021 para enaltecer a sombra de uma boa árvore, as flores encantadoras e os frutos saborosos que elas produzem, os abrigos e fontes de alimentação que fornecem para a fauna, bem como para apresentar uma ligeira abordagem sobre a relação das “árvores” (na verdade, das coberturas vegetais) com as nossas águas.
E o momento não seria mais oportuno, seja pelos tristes indicativos de destruição dos nossos ecossistemas naturais ou pela grave crise hídrica já anunciada e iniciando seu curso neste ano de 2021.
Ao falarmos do ciclo hidrológico, que nos é apresentado ainda no ensino fundamental, lembramos dos processos de precipitação, infiltração (indutor dos processos de recarga das águas subterrâneas), escoamento superficial e a evapotranspiração – essa só existe em razão das “árvores”.
Embora sejam nítidas as relações das coberturas vegetais com os processos do ciclo hidrológico definidos como infiltração e evapotranspiração, essas relações transcendem esses processos, uma vez condicionam os depósitos das águas em subsuperfície, na atmosfera e na própria superfície (abastecidos por nascentes).
Em razão dessa realidade que nem sempre vem às nossas mentes, apresento a seguinte sugestão de reflexão para esse Dia da Árvore: estariam a impermeabilização dos solos pela urbanização crescente, o avanço da supressão de vegetação de grandes áreas para fins de conversão de uso e a destruição de grandes ambientes florestais por queimadas descontroladas alterando o ciclo hidrológico até então conhecido por nós?
Se sim, que efeitos haveremos de enfrentar? Amemos mais as nossas árvores! Mais verde, mais azul!
*Júlio Henrichs de Azevedo é engenheiro agrônomo e analista ambiental do Ibama.
