O arroz está mexendo com o bolso do consumidor. O preço do alimento que faz uma dobradinha perfeita com o feijão no prato do brasileiro subiu o dobro da inflação no mês de junho e a tendência, daqui pra frente, é de que ele fique cada vez mais caro. Já houve uma alta de preços por causa da greve dos caminhoneiros, mas agora a explicação é outra: safra menor, consumo maior para substituir alimentos ainda mais caros e o dólar em alta que favorece a exportação.
Tudo isso junto, faz um prato salgado, principalmente na mesa das famílias de baixa renda.
O arroz é presença quase que obrigatória na casa de dona Cláudia Porto, autônoma, e de milhões de brasileiros. Mas, de um tempo pra cá, esta refeição aparentemente simples, tem pesado mais no orçamento de casa.
– Tenho sentido bastante a diferença no preço. Cinco quilos da mesma marca que eu pagava R$ 12,99 em abril, comprei no último domingo por R$ 17,99.
A alta é de 20%, ou R$ 5,00.
As razões para este aumento vêm do campo. A produção caiu de 12.3 milhões de toneladas em 2017 para 11.8 milhões toneladas em 2018, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento. A expectativa é de que a colheita até o final deste ano fique 4,6% abaixo da safra anterior.
O arroz tem perdido espaço para a produção de soja e os arrozeiros têm procurado exportar mais por causa da valorização do dólar.
O superintendente da Conab, Wellington Silva Teixeira, diz que o maior impacto nos preços deste grão deve vir mesmo é no segundo semestre. Acontece que cerca de 80% da colheita é feita no início do ano e no decorrer dos meses o estoque diminui.
– Há uma tendência de que os preços estejam relativamente superiores aos atuais na metade final do ano, mas não num patamar muito elevado, pois as condições de demanda e oferta estão muito ajustadas em termos de produção e consumo.
Segundo o IBGE, os preços do arroz subiram 3,02% em junho com relação ao que era praticado em maio. Uma alta bem acima da inflação no período, de 1,2%. Os consumidores têm visto a mudança na conta do supermercado.
Jeová Donizete, empresário, explica que encontrava arroz de determinada marca há dois anos por 5,80, hoje não paga menos do que R$ 14,00 a R$ 17,00. Os supermercadistas explicam que não há como repassar para o cliente uma variação de 20% de um produto num prazo de seis meses, e acabam repassando o que podem e reduzindo também suas margens.
Mas, quem mais sente o impacto do maior desembolso na hora de comprar são as famílias de baixa renda.
Segundo André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas, isso porque as famílias de baixa renda comprometem boa parte do orçamento familiar na compra de alimentos. – Quanto menos se ganha, mais se compromete da renda com comida, disse. E o pior é que não há nem como substituir o arroz, pois a melhor combinação no prato do brasileiro ainda é a sua mistura com feijão.
Fonte: G1/ Planeta Arroz