Arroz: seca no Mercosul pode manter preços acima dos R$ 80,00 na safra

Por Cleiton Evandro dos Santos / AgroDados

Para a agricultura, apostar no clima é como entrar numa roleta-russa. Os resultados podem ser ótimos ou trágicos. Nos últimos dias, mesmo com chuvas localizadas em algumas zonas arrozeiras e uma retração mais acentuada nas cotações, que permanecem acima de R$ 100,00 de média no Rio Grande do Sul, cresceu a aposta de analistas e produtores de que as cotações podem não cair abaixo dos R$ 70,00 como chegou a ser cogitado.

Se este for o parâmetro, considerando que nos últimos 15 dias as áreas cresceram 4% no RS, muitas superfícies serão replantadas, sem contar que o desenvolvimento está abaixo do esperado em lavouras com dificuldade de emergência.

Quem tem água e não atrasou ou cometeu falhas no manejo, está observando se formarem ótimas lavouras. Mas, algumas áreas, em especial na Campanha, estão com barragens entre 50% e 60% da capacidade para irrigar a superfície plantada.

Nas Planícies Costeiras Interna e Externa, o problema é o sal na Lagoa dos Patos, que já tem relatos de ter alcançado lavouras nas imediações de Camaquã. Na Fronteira Oeste e Região Central há microrregiões mais afetadas.

A exceção é a Zona Sul, que deve plantar pouco mais de 3.000 hectares a mais do que o inicialmente previsto. As chuvas da semana, ainda que em volumes muito variáveis nas diferentes regiões, também ajudaram a repor umidade no solo para o plantio da soja em várzea.

Enquanto os produtores seguem muito preocupados com o plantio, a indústria se movimenta entre o recebimento de grãos de importação de terceiros destinos, fora do Mercosul, e um varejo com reposição muito lenta.

Os preços dos fardos de algumas marcas chegaram a cair de R$ 10,00 a R$ 15,00. Em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro é comum encontrar marcas de menor espaço no varejo chegando a R$ 115,00 por fardo, o que, neste volume, não se via faz meses.

Diante deste cenário, os preços praticados no Rio Grande do Sul recuaram levemente, e se mantêm com médias próximas de R$ 100,00 na maioria das regiões, mas com negócios reportados na região central de até R$ 92,00 para parboilizado. As variedades nobres são negociadas entre R$ 100,00 e R$ 110,00.

Os preços parecem estar muito mais relacionados, no momento, ao humor e a necessidade de quem vende e de quem compra. Até quinta-feira, dia 26 de novembro, o indicador de preços Esalq/Senar-RS recuou de 2,14%, para R$ 102,92, equivalente a US$ 19,31 pelo câmbio do dia.

Importações

O Brasil deverá receber cerca de 215.000 toneladas (base casca) aproveitando a isenção da TEC (10% para casca e 12% para branco) para origens de fora do Mercosul até dezembro. São quatro navios dos Estados Unidos, três da Guiana, um da Tailândia e vários de contêineres da Índia, Vietnã e Europa.

No entanto, considerando que as compras foram abertas em setembro, deverão somar uma média de 75.000 toneladas/mês, bem abaixo das 400.000 toneladas autorizadas.

Como antecipamos com exclusividade há um mês, as indústrias mineiras ainda tentam uma prorrogação até 28 de fevereiro para a isenção da TEC, pois uma carga de 12.500 toneladas de arroz branco (base casca) atrasou por falta de contêineres.

As boas notícias da semana, no cenário internacional, foram o anúncio, pelo México, da isenção da taxa de 8% a 10% para importar arroz brasileiro. A quota liberada pelo governo aos empresários mexicanos é de 30.000 toneladas em 2020 e 75.000 toneladas em 2021. Agora, a questão é ter preços para competir com os fornecedores dos Estados Unidos.

A outra boa notícia, mas num momento de pouco proveito, é o anúncio realizado pelo Iraque que, ao invés de fazer compras diretas dos EUA, promoverá um leilão internacional de compra de arroz.

Preço ao consumidor

Enquanto recuam ao produtor e começam as concessões ao varejo, os preços aos consumidores se mantiveram estáveis esta semana, segundo a pesquisa realizada por Planeta Arroz com fontes de seis capitais estaduais.

 

 

Planeta Arroz

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