Arroz: preços recuam abaixo dos R$ 49,00 por saca no RS

A saca de 50 quilos do arroz em casca no Rio Grande do Sul registrou retração de 0,83% em outubro, para R$ 49,25, o que equivalia a US$ 15,46 pelo câmbio do dia 31 do mês passado. O valor é para comercialização à vista e classificado como 58×10. Assim, o mês de outubro registro mínima retração, inferior a 1%. No entanto, em sete dias, com menor pressão da indústria pelo produto, o início de novembro registrou um comportamento negativo e o preço médio no Rio Grande do Sul ficou em R$ 48,96.

A desvalorização é de 0,59% ao longo do mês de novembro e, com o dólar vivendo uma semana de valorização, o valor na moeda estadunidense ficou em US$ 15,28 por saca. É a primeira vez desde o dia 27 de junho, portanto há mais de quatro meses que as cotações do arroz gaúcho ficam abaixo de R$ 49,00. O comportamento retrata um momento em que as grandes indústrias estão abastecidas e as pequenas têm dificuldades de capital para novas aquisições. O desinteresse de parte da indústria gera um reflexo de baixa porque muitos produtores ainda estão buscando recursos para garantirem o plantio do arroz e da soja nesta temporada.

Quem teve perdas e precisará replantar parte ou totalmente a lavoura, também está demandando recursos. Quem tem arroz, está se submetendo a vender aos preços atuais. Quem não tem, e também está sem acesso ao crédito, está aceitando taxas de juros bem superiores ao mercado ou adotando a troca (insumo x arroz ou soja na safra) ou venda antecipada da soja. O aumento da pressão do arroz que entra do MERCOSUL e o baixo desempenho das exportações ajudam a manter um mercado baixista neste momento. A previsão de uma safra cheia, ajuda no fator psicológico.

Só que psicologia e safra do ano que vem não abastecem gôndola neste momento, nem vai pra panela. Então, para muitos analistas o momento de baixa é muito pontual e associado à corrida dos agricultores por crédito. E pelas importações, em segundo plano.

Exportações

As duas últimas semanas foram de notícias repetidas dos jornais do MERCOSUL destacando que, além da questão cambial, Paraguai, Uruguai e Argentina devem avançar nos mercados de Cuba e Venezuela, que nas últimas temporadas foram os grandes compradores do Brasil. Como o suporte das negociações é governo­ a governo, e havia uma convergência, o Brasil dava garantias ao crédito cubano e venezuelano. A mudança no governo brasileiro gerou uma resistência por parte dos governos destes países, que só realizam aquisições sob forte vantagem econômica.

Matéria publicada por jornal paraguaio define as relações comerciais referentes a cereais – em especial ao arroz – como um abismo político que retira do Brasil a preferência nestes mercados. “Os cubanos preferem comprar dos Estados Unidos, do Uruguai e até da Ásia, enquanto a Venezuela busca parceiros não brasileiros”, diz a publicação. Nos últimos dias aumentaram as sondagens para exportação para a África do Sul, por conta de uma severa seca que vai frustrar a colheita daquele país e de países da região. Mas a questão política também pode influenciar. O presidente sul ­africano vive um processo similar ao da ex-presidente brasileira e pode ser cassado e preso, segundo notícias internacionais.

Vale lembrar que o Brasil tem acordo sanitário com a África do Sul, mas o presidente Jacob Zuma foi um dos que evitou contato com Michel Temer no encontro dos BRICS. Ou seja, há necessidade de um forte trabalho da diplomacia brasileira para reaproximar politicamente o Brasil destes mercados, depois de um longo esforço para conquista-­los. E isso corre paralelamente ao câmbio e à competitividade. Esses mercados são importantes demais para o Brasil e é mais fácil mantê­-los – apesar das questões políticas – do que precisar abrir novos.

Safra

As águas baixaram em boa parte das regiões atingidas por enchentes e os agricultores e técnicos trabalham agora para identificar os prejuízos. Algumas áreas terão de ser replantadas, mas Emater/RS e IRGA ainda não concluíram essas avaliações. Ainda assim, espera­se que ao final desta semana – mesmo com previsão de pancadas de chuvas em todas as regiões arrozeiras – a área semeada ultrapasse 70%, contra menos de 50% no ano passado. Porém, é preciso registrar que destes 70% parte precisará ser replantada, lavouras precisarão ser reestruturadas com canais, taipas, etc… Isso gera custos e atraso no plantio.

Perto de 20% da lavoura devem ser cultivadas depois do dia 20 de novembro, último prazo recomendado para algumas regiões. Estas ficam fora do zoneamento agroclimático e podem ter problemas com a cobertura de seguro agrícola. O que é líquido e certo é que o potencial produtivo acima de 8.5 milhões de toneladas que chegou a ser referenciado por consultorias e até lideranças setoriais, não se confirmará. Neste momento, a safra gaúcha já corre o risco de ficar abaixo das 8 milhões de toneladas. Se o clima não voltar a causar estragos.

Santa Catarina

Em Santa Catarina a semeadura está chegando ao final e o fato de a indústria estar abastecida afetou os preços, que oscilam entre R$ 47,00 e R$ 48,00. O volume de negociação é baixo e os agricultores estão mais preocupados com o final do plantio e o manejo das lavouras. Algumas áreas estão sendo recuperadas também por conta de enxurradas e granizo.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS) indica preço médio de R$ 48,50 para a saca de 50 quilos do arroz em casca (58×10) no Estado. A saca de 60 quilos de arroz branco do tipo 1 é cotada a R$ 98,00, estáveis. Entre os quebrados, o canjicão desvalorizou para R$ 51,00 e a canjica é cotada a R$ 52,00 ambos em sacos de 60 quilos. A inversão se deve à demanda pontual em alguns segmentos (rações e exportação). O farelo de arroz se manteve estável, cotado a R$ 690,00 por tonelada – CIF ­ colocada em Arroio do Meio (RS). O mês de novembro será de pequenas oscilações nas cotações em função do câmbio, da balança comercial e da movimentação da indústria em relação às aquisições. Produto disponível na mão do produtor é pouco.

 

Fonte: Planeta Arroz

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