Arroz: preços beirando o fundo do poço

Em míseros R$ 38,95 – acumulando 2,38% de queda em abril, equivalente a US$ 12,36, o indicador Esalq/Senar RS registrou as cotações de terça-feira (11) da saca de arroz de 50 quilos (58 x 10) colocada na indústria no Rio Grande do Sul. O valor remonta quase que o fundo do poço das cotações de 2015, há dois anos.

Seis fatores são fundamentais para a manutenção destes preços: a pressão de oferta da safra; o aumento da produção; a alta competitividade do arroz do Mercosul; o câmbio, que impede exportações mais representativas e mantém o mercado interno aberto às compras; a necessidade de entrega do arroz para a quitação dos contratos de financiamento direto com a indústria ou fornecedores por boa parte dos produtores gaúchos, e a falta de uma política governamental com valores adequados ao custo de produção para dar suporte à manutenção de preços.

Em março, o indicador havia despencado 15,25%. A expectativa é de que as cotações se mantenham em patamares variáveis entre R$ 38 e R$ 39 até o início de maio, pelo menos. Se anteriormente analistas e lideranças esperavam uma recuperação mais rápida dos preços na atual temporada, frente a 2016 (quando somente em junho houve um avanço mais significativo das cotações), no momento o cenário começa a indicar que maio pode não ter uma performance tão positiva.

No Rio Grande do Sul a safra ultrapassou 60%, segundo a Emater-RS, apesar de algumas chuvas que caíram desde o domingo (9) até terça-feira (11) em algumas regiões, e deve beirar 70% até o próximo final de semana, entrando no final de abril em sua reta final.

No Mato Grosso os preços também apresentaram queda, com a saca chegando a ser comercializada entre R$ 45 e R$ 46 em algumas praças de produção. Com perda da competitividade, a cadeia produtiva mato-grossense terá uma safra adequada para atender à demanda do estado e de algumas praças vizinhas, como o Pará, mas perde mercados para o arroz paraguaio em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, por exemplo. A colheita no Mato Grosso está chegando próxima da metade.

Em Santa Catarina, depois de as cotações também apresentarem queda de até R$ 37 em algumas praças, em abril os preços encontraram estabilidade ao redor dos R$ 40 em quase todo o estado. Apenas a região Sul sofre a pressão competitiva do arroz gaúcho, que chega a ser adquirido até R$ 2 abaixo da referência das cotações catarinenses.

A indústria de Santa Catarina demanda cerca de 1.6 milhão de toneladas de arroz para processamento anual, mas a colheita do estado beira 1.1 milhão de toneladas, o que faz demandar perto de 500 mil toneladas do Rio Grande do Sul e, mais recentemente, do Paraguai. A colheita catarinense já está praticamente concluída, faltando pequenas áreas, em especial aquelas que fazem a produção de soqueira ou segunda safra.

Safra

Segundo o IBGE, a estimativa de março para o arroz é de uma área a ser colhida de 2.014.307 hectares, com produção de 12.053.519 de toneladas, a um rendimento médio de 5.984 kg/ha.

O Rio Grande do Sul, maior produtor do país, deve colher 8.540.078 de toneladas, numa área de 1.102.346 de hectares e com um rendimento médio esperado de 7.747 kg/ha. Segundo o IBGE, as condições climáticas nas últimas duas semanas foram favoráveis para a colheita, que no momento alcança 49,0% da área total a ser colhida.

Em Santa Catarina, segundo maior produtor nacional de arroz, a produção está estimada em 1.102.206 de toneladas, numa área a ser colhida de 147.745 hectares, com rendimento médio de 7.460 kg/ha.

Mercado externo

O desempenho do Brasil no primeiro mês do novo ano safra ficou muito abaixo do esperado. Mesmo com a retração dos preços no mercado doméstico, ainda foi vantajoso para a indústria e o varejo adquirir volumes no Paraguai, principalmente. Desta maneira, o Brasil exportou pouco mais de 45 mil toneladas de arroz, em base casca, mas importou quase 170 mil toneladas (3,6 vezes mais do que vendeu para outros países).

A Balança Comercial da temporada já começa com um déficit de 125 mil toneladas, em plena época de piso de preços, o que pode alterar a lógica das estimativas iniciais de compra e venda equilibradas, pelo Brasil, no mercado internacional. Ou indicar, também, que os preços internos não terão muito espaço para recuperar as cotações de teto da última temporada.

Cotações

A corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 39 pela saca de arroz de 50 quilos, em casca (58 x 10) no Rio Grande do Sul, enquanto o cereal beneficiado, branco, tipo 1, em sacas de 60 quilos está cotado a R$ 82,00, em queda de mais 1,2% esta semana.

O valor do canjicão, ainda demandado pela indústria de rações, com alguma exportação de quebrados para a África, em sacas de 60 quilos, se mantém estável em R$ 48, mas já com pressão baixista pelos compradores. A quirera se mantém estável em R$ 45, também em 60 quilos, sob a mesma pressão. O farelo de arroz registrou queda de quase 5% nos últimos dez dias, agora cotado em R$ 420 a tonelada (FOB).

No mercado consumidor, percebe-se um número maior de ofertas e promoções nas grandes redes varejistas, com algumas marcas alcançando até R$ 10,98 em sacas de cinco quilos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, lojas da rede Walmart promoviam grão de empresa gaúcha a R$ 11,19 (cinco quilos), branco, tipo 1 na semana que passou. Em Campina Grande, na Paraíba, produto uruguaio, embalado no Brasil, era comercializado a R$ 1,96 o quilo do tipo 1, branco, na terça-feira, em promoção de aniversário de rede varejista.

 

Fonte: Planeta Arroz

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