Arroz: nem os leilões impedem a queda dos preços

Mesmo com o anúncio de leilões de PEPRO e PEP para mais 170.000 toneladas na próxima quarta-feira (7/3), e apesar da primeira oferta dos mecanismos na semana que passou, os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina não mostraram reação. A pressão de oferta da safra que recém inicia, a certeza de abundância de oferta do Mercosul, as dificuldades em repassar aumentos e a expectativa para ver o reflexo das ações governamentais nos preços justificam uma posição mais cautelosa da indústria, inclusive com relação aos mecanismos oficiais.

Com isso, o indicador de preços do arroz em casca (50 kg/58×10) no Rio Grande do Sul pesquisado pela Esalq/Senar-RS encerrou o mês, nesta quarta-feira (28/02) com queda acumulada de 2,15%, cotada a R$ 35,08. Pela cotação do dia do dólar, a saca equivale a R$ 10,83 (US$ 1,00=R$ 3,2424). Vale lembrar que os preços começaram fevereiro em R$ 35,70/US$ 11,27 por saca. A expectativa é de que esta primeira semana de fevereiro apresente uma trajetória levemente altista em função dos leilões. No entanto, serão os resultados destes que irão determinar os novos movimentos no mercado, ao lado da progressão da oferta do cereal. A boa notícia da semana é que 70.000 toneladas adquiridas nos primeiros leilões já estão negociadas com o mercado exterior para embarques em março, abril e maio.

A preocupação é de que a indústria não consiga fazer o giro do capital para manter-se ativa nos leilões de PEP. E que os prazos estabelecidos para as vendas externas, até o início do segundo semestre do ano comercial, sejam curtos. No mercado livre não há referências claras, uma vez que cada indústria e região praticam preços de acordo com características muito particulares dos contratos de financiamento, relações com o produtor, padrão do grão, parceria nos contratos de PEP, variedades, entre outros fatores. Ainda assim, os preços variam entre R$ 33,00 e R$ 34,50 no mercado livre na maioria das regiões.

Setorial

O movimento Te Mexe Arrozeiro conseguiu apresentar suas reivindicações ao Vice-Governador do Estado, José Paulo Cairoli, na segunda-feira que passou (26/2) e a alguns deputados, além de ter realizado uma reunião com dirigentes do Banco do Brasil no Rio Grande do Sul. Com estes a demanda foi pela prorrogação total dos vencimentos de 2018 para 2019 e recomposição das dívidas oficiais. Ainda que perto de um terço dos produtores, apenas, esteja ainda dentro do sistema de crédito oficial, os agricultores acreditam que um alívio a este segmento beneficiaria, em cascata, também os demais e forçaria os financiadores privados a sentarem à mesa de negociações.

Em alguns municípios estão sendo formadas comissões para negociar com indústrias e fornecedores de insumos uma revisão dos contratos, valores e prazos. Os produtores querem vencimento dos contratos a partir de junho, menores taxas de juros e parcelamento do custeio 2017/18 para alguns casos. A Federarroz também encaminhou demandas a partir de contatos e avanços em negociações com organismos governamentais.

A colheita gaúcha avança e, apesar das chuvas deve superar 5% da área esta semana, com atraso frente à média dos últimos cinco anos. Danos pontuais continuam sendo contabilizados. Depois do atraso de 50% da área no plantio, do frio do Carnaval, nesta terça-feira 27 de fevereiro, foi a vez de chuvas de granizo gerarem perdas em lavouras de Eldorado do Sul e municípios próximos de Porto Alegre. Há relatos, não confirmados oficialmente, de danos também em lavouras da região da Campanha. Nestas áreas, há quadros com perda total e parcial. Nesta quinta-feira, dia 1º de março, o Irga deve contabilizar os prejuízos.

Em Santa Catarina a colheita já alcança mais de 60% da área, embora parte seja dedicada ao cultivo de soqueira. Preços médios de R$ 33,00 são registrados no estado.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 34,50 para a saca de arroz em casca de 50 quilos (58×10) no Rio Grande do Sul. A saca de 60 quilos de arroz beneficiado (branco), Tipo 1, é cotada a R$ 77,00. A demanda estável por quebrados de arroz para a África mantém o canjicão em R$ 51,00 e a quirera em R$ 43,00, em 60 quilos. A tonelada do farelo, dirigido à indústria de rações e polos de produção de aves e suínos, fica em R$ 380,00.

Preço ao consumidor

Com o final das férias escolares e profissionais de boa parte dos brasileiros, notou-se retração no volume de ofertas de arroz nos impressos e encartes de redes varejistas. Representantes de supermercados têm se queixado à indústria da queda nas margens do arroz por retração no consumo, o que tem feito reduzirem espaços e ampliarem as variedades de marcas, tipos e características do grão nas gôndolas. Ainda assim, é possível encontrar sacos de cinco quilos, do Tipo 1, em valores inferiores a R$ 10,00 em todas as capitais pesquisadas e picos de R$ 22,85 em pacotes de arroz Tipo 1, identificado como “extra”, com baixíssimo percentual de defeitos.

 

Fonte: Planeta Arroz

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