Arroz: mercado tem nova queda e agora depende do governo para fixar piso

A pressão da pré-oferta de arroz da nova safra, nesta segunda quinzena de janeiro de 2018, ampliou a retração dos preços do grão em casca no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, responsáveis por 80% da produção nacional. Em todas as regiões houve recuo, mas a Depressão Central gaúcha marca os menores preços.

Nos últimos dias, nas lavouras de Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Restinga Sêca, São João do Polêsine, Rio Pardo, Novo Cabrais, Paraíso do Sul e Cachoeira do Sul,  o que se registra são preços médios de R$ 34,00 para arroz da safra “velha”, diante do aumento de oferta por parte de rizicultores, que precisam abrir espaço para a nova safra nos silos. Este valor é referencial para arroz de qualidade superior (Guri, Puitá, Irga 417 e Irga 409 e Pampa). O Irga 424 é cotado a R$ 33,00.

Para o grão da safra nova, a oferta de boa parte das indústrias é ainda inferior: R$ 32,00 para variedades especiais e R$ 31,00 por saca de arroz de Irga 424. A situação é ainda mais preocupante porque produtores que repactuaram o custeio têm parcela a vencer nessa semana e na próxima.

No Rio Grande do Sul preocupa a grande infestação de arroz vermelho, que obrigou à volta da catação manual e da capina nas lavouras. Ao menos nas de maior potencial produtivo. Raras lavouras já estão sendo colhidas. É o caso de uma área de Irga 417 em Agudo, preparada no cedo por questões de disponibilidade de água. A lavoura teve preocupante infestação de percevejo do grão e a colheita foi concluída esta semana.

Em Santa Catarina a colheita também avança, apesar do mau tempo em algumas regiões. A referência de preços na indústria é de R$ 34,00 a R$ 35,00, o que tem preocupado os produtores.

Com muitas propriedades familiares e pequenas, apesar do baixo endividamento (se comparadas às lavouras gaúchas), a preocupação é de que a baixa escala de produção não dê o retorno necessário para a continuidade de muitos produtores no setor. Há uma tendência de concentração de áreas nas próximas safras, com produtores mais capitalizados assumindo as menores lavouras.

Com os preços abaixo do mínimo no Sul do Brasil, a expectativa agora recai sobre as ações do governo federal, com mecanismos de comercialização que permitam estabelecer um piso de R$ 36,00 a partir de 1º de março. O ingresso da safra nova seguirá pressionando os preços e a expectativa é de mais queda na segunda semana de fevereiro, quando a safra gaúcha terá sua arrancada e já começará o ingresso de arroz paraguaio.

A novidade é que, com os preços nos atuais patamares, o Brasil é competitivo com os preços do Mercosul e os paraguaios precisarão trabalhar bem abaixo dos US$ 10,00/saca, colocada em São Paulo. A aposta é ver se eles têm bala na agulha e por quanto tempo resistirão a este patamar de preços.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Su (Federarroz) tem reagido como pode para bloquear, pelos meios legais, a importação de arroz dos países vizinhos, em especial do Paraguai. São ações judiciais e administrativas que buscam o monitoramento e fiscalização da qualidade do arroz.

Há inúmeras denúncias de produto dos tipos 2 e 3 sendo comercializados como tipo 1, e de monitoramento do grão importado produzido com agrotóxicos que são proibidos no Brasil, por questões de saúde pública. Um forte ato político-setorial está agendado para a Abertura da Colheita, de 21 a 23 de fevereiro, em Cachoeirinha (RS).

Mercosul

No Uruguai, os produtores de arroz se reuniram às outras cadeias produtivas e começaram uma mobilização que reuniu 11.000 pessoas nesta terça-feira em Durazno. A promessa de redução nos custos de energia do presidente Tabaré Vázquez, no ano passado, que não se confirmou, e o anúncio de majoração da energia elétrica e dos combustíveis a partir de primeiro de janeiro, foi o estopim do movimento.

Agricultores pedem redução da carga tributária, subsídios para a energia, redução do déficit público, apoio às exportações, condições para competir no mercado internacional e medidas enérgicas contra a corrupção.

Na Argentina, a semana foi de intensa preocupação com a safra que começa a ser colhida em Corrientes, devido às inundações e enchentes históricas. Os danos ainda não foram contabilizados, mas há perdas de áreas arrozeiras, segundo fontes locais.

Mercado

A corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 36,00 para a saca de arroz em casca de 50 quilos no Rio Grande do Sul, e de R$ 77,00 para a saca de 60 quilos de arroz branco, tipo 1, sem ICMS. Há leve valorização do farelo de arroz nas regiões de produção de rações, para R$ 370,00 a tonelada/FOB. O canjicão se mantém em R$ 53,00 por saca de 60 quilos e a quirera a R$ 43,00.

Os preços médios do arroz beneficiado, em sacos de cinco quilos, tipo 1, manteve-se dentro da média de R$ 11,00 a R$ 11,50 nas principais capitais brasileiras, com ofertas abaixo de R$ 10,00 e pico de preços nas marcas nobres entre R$ 19,99 a R$ 21,50, dependendo da cidade/estado. A expectativa dos economistas de instituições voltadas à pesquisa de preços ao consumidor é de que com a nova safra os preços caiam ainda mais.

 

Fonte: Planeta Arroz

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp