Depois de uma leve reação na semana final de janeiro, os preços médios do arroz no Rio Grande do Sul registraram evolução de 0,57% no primeiro mês do ano civil, finalizando os 31 dias a R$ 49,63 por saca de 50 quilos (à vista, em casca, 58 x 10, colocado na indústria), o equivalente a US$ 15,77 pela cotação do dólar na data, segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Senar – RS. Em fevereiro, as cotações pouco se mexeram segundo este referencial, alcançando na terça-feira (7) a média de R$ 49,77 (equivalente a US$ 15,94) e acumulando 0,28% no mês. Esta, porém, é a versão dos fatos do indicador oficial.
No mercado livre gaúcho observa-se o início de uma pressão mais forte das indústrias em busca de preços que compensem as compras na safra para fazer frente a um varejo extremamente resistente a repasses das cotações. E isso tem sinalizado negativamente para os preços médios referenciais em diversas praças gaúchas e catarinenses. É o caso, por exemplo, de Itaqui, onde a indústria pagava até R$ 50 há 15 dias por produto de qualidade depositado, e hoje oferta entre R$ 48 e R$ 49. Em Cachoeira do Sul, as cotações também despencaram R$ 1 em uma semana, e a expectativa é de que, com o avanço da colheita – bem atrasada na Depressão Central – haverá quedas ainda maiores.
Os analistas trabalham com uma expectativa de preços entre R$ 43 e R$ 45 em março, apesar da manutenção de preços até o momento. Na pesquisa de preços realizada por AgroDados, foi registrada queda em praticamente todos os polos de comercialização, com algumas indústrias já fazendo ofertas de R$ 46 livre pelo produto a ser entregue no final de fevereiro, início de março, mas sem interesse dos agricultores, que preferem aguardar um pouco mais pela definição das produtividades e do mercado.
O que está segurando os preços médios nos atuais patamares é uma conjuntura diferente do que era esperado: em primeiro lugar, os baixos estoques obrigam a indústria a buscar o produto escasso; o alongamento do ciclo do arroz atrasou a colheita entre duas semanas e um mês, dependendo da região, depois de um ano de baixa produção; os estoques dos países vizinhos, também em pico de entressafra, estão menores e a logística mais difícil; o clima não foi tão favorável quanto se imaginava e a colheita será muito ajustada à demanda nacional; um frio inesperado com temperaturas abaixo de 14 graus nas madrugadas desde o domingo, seis de fevereiro, pegou parte das lavouras em floração e deve reduzir ainda mais a produtividade; os agricultores estão tendo uma boa safra de soja na várzea e preferem comercializar a oleaginosa no primeiro momento; há crédito para o pré-custeio e mecanismos de comercialização que permitem ao arrozeiro fazer frente às despesas imediatas (pelo menos aqueles que ainda têm crédito oficial).
E os produtores com financiamento de indústria ou diretamente das empresas de insumos, com menor capacidade de investimento, em geral são os últimos a plantar e a colher. Toda esta conjuntura faz com que a oferta, neste início de fevereiro, permaneça restrita.
Novos movimentos do mercado são aguardados a partir do dia 20. Já com expectativa de queda, mas não tão vertiginosa como se vislumbrava há 60 dias, quando alguns analistas projetavam preços de até R$ 39 na safra. Esta e a próxima semana devem ser de compasso de espera, com preços em comportamento horizontal, com leve tendência de queda. A pressão começará, pra valer, em março.
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica referenciais médios de preços ao arroz em casca, 50 quilos (58 x 10) no Rio Grande do Sul a R$ 49, em queda. O saco de 60 quilos do arroz branco (Tipo 1, sem ICMS) é cotado a R$ 98, também desvalorizando em relação aos preços de duas semanas atrás. Entre os subprodutos, comportamento misto: o canjicão desvalorizou 4%, para R$ 48, a quirera se manteve a R$ 47 (ambos em sacas de 60 quilos) e o farelo valorizou para R$ 560 a tonelada (FOB/Arroio do Meio).
Fonte: Planeta Arroz