Arroz: exportações do próximo ano geram preocupação

Um dos símbolos do aumento dos preços dos alimentos neste ano, o arroz deverá ter colheita menor em 2021, de acordo com o primeiro prognóstico da produção nacional de grãos na temporada divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com o segundo levantamento publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Se por um lado concordam com a diminuição da oferta, os órgãos discordam quanto aos seus reflexos sobre as cotações do cereal, que continuam próximas de máximas históricas.

Segundo o IBGE, a colheita brasileira de arroz em casca deverá recuar 2,40% no próximo ano, para 10.8 milhões de toneladas. “A queda tem relação com questões de produtividade. Mas o volume previsto é suficiente para atender à demanda doméstica, que fica na faixa de 10.5 milhões a 10.8 milhões de toneladas por ano”, disse Carlos Alfredo Guedes, gerente da pesquisa do IBGE.

Mas pairam sobre essa conta simples as exportações, que em 2019/20 chegaram a 1.5 milhão de toneladas. Guedes reconhece que será um desafio manter o produto no país, já que a valorização do dólar continua a estimular os embarques. “Para manter esse produto aqui dentro, seria preciso elevar mais os preços para os consumidores”, disse.

Valorização

Dados do IBGE mostram que, de janeiro a outubro deste ano, os preços do arroz acumularam uma valorização de quase 60% na média nacional. No mesmo período, o IPCA, que mede a inflação oficial do País, registrou um avanço bem mais modesto, de 2,22%.

Nada impede, portanto, que o governo abra uma nova cota para importações sem tarifa de fora do Mercosul no ano que vem.

Na avaliação da Conab, apesar de o arroz que tem chegado de outros países nos últimos meses para complementar a oferta interna continue a ser, até agora, do Mercosul, a isenção de tarifa para 400.000 toneladas de fora do bloco, definida pelo governo, foi a responsável por interromper e escalada dos preços no Brasil.

Pressionado, o governo também isentou temporariamente da TEC as importações de soja e milho de fora do Mercosul, com resultado até agora também limitados.

“[A medida] gera a equiparação de preços internos do Brasil com preços de outros países. Vários segmentos da sociedade deixam de perder competitividade devido a uma tributação. O produtor de aves, de suínos, de leite, tem acesso aos grãos aos mesmos níveis de preços de outros países”, afirmou Sérgio De Zen, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab.

 

Fonte: Valor Econômico

Equipe SNA

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