Apesar das mudanças nos hábitos de consumo da população nos últimos anos, algumas coisas continuam as mesmas nos lares dos brasileiros. Pelos menos dos que vivem em Goiás. Arroz e feijão ainda dividem o mesmo prato, o arroz é feito todo dia e o feijão é congelado. Esses são alguns dos resultados apontados por uma pesquisa realizada no Estado pela Embrapa Arroz e Feijão, com o apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (CREA-GO) e da Camil Alimentos.
A intenção da pesquisa era descobrir como valorizar e aumentar o consumo da dupla, partindo do pressuposto de que o hábito estava sendo deixado de lado. “Partimos de premissas erradas, alardeadas em redes sociais de que o consumidor está deixando de comer arroz e feijão em detrimento de ‘junk food’ e outras combinações. Não é verdade. Há um consumo maior de sanduíches e outras comidas mais rápidas, mas a média aponta para estabilidade no uso de arroz e feijão nas refeições”, disse Carlos Magri Ferreira, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão e coordenador do trabalho.
De um total de 291 entrevistados, 30,9% disseram comer a mesma quantidade de arroz de cinco anos atrás e 31,1% afirmaram que consomem porções semelhantes de feijão. Os percentuais de aumento ou queda foram semelhantes para ambos os grãos – cerca de 30% para cada lado. “A exceção é o consumo da classe A. Nesse caso, houve redução de 58,2% no consumo de arroz nos últimos cinco anos e de 50% no caso do feijão. As demais classes não demonstraram variação”, disse Ferreira.
O consumo per capita de arroz por refeição em Goiás foi calculado em 69,5 gramas, independentemente da renda. Para o feijão, são 25,8 gramas. Esses volumes são equivalentes aos grãos secos. Depois de cozidos, o peso aumenta.
Segundo a pesquisa, 75,1% dos goianos fazem as refeições em casa. Cerca de 60% dos entrevistados apontaram a necessidade de comer os grãos em pelo menos uma refeição diária. A surpresa, afirma o pesquisador da Embrapa, veio da informação de que a maioria dos entrevistados associa o ganho de peso ao consumo de arroz e feijão, 41,7% consideram o cereal o vilão, e para 28,1% a leguminosa é a culpada.
Grande parte dos hipertensos e diabéticos consideram que a dupla seria inadequada para consumo. “Já conversamos com a faculdade de nutrição da UFG e vamos fazer papers e textos informando que isso está errado. Os nutricionistas garantem que o preparo dos produtos pode interferir nas doenças e apenas para casos raríssimos o consumo não é recomendado”, disse Ferreira.
Sobre as variedades consumidas, 88,9% compram arroz branco polido, 1,6% integral e 9,4% parbolizado. No caso do feijão, 95,8% dos entrevistados consomem o carioca, mais produzido no País, e 3,6% o preto.
Sobre a opção de compra, nada indica que as informações das embalagens façam diferença para o comprador, mas a marca sim. Mas, claro, o preço é primordial (ver infográfico acima). A região metropolitana de Goiás foi escolhida como ponto de partida, mas a intenção é promover a pesquisa em pelo menos mais oito capitais e regiões metropolitanas do País. “Estamos atrás de patrocínio”, disse Ferreira.
Fonte: Valor