Se soja e milho tendem a puxar o aumento da área plantada e da produção de grãos do País na próxima década, produtos básicos como arroz e feijão, cuja oferta é destinada, sobretudo, ao mercado doméstico, deverão perder espaço no campo. É o que sinaliza o estudo “Projeções do Agronegócio – 2017/18 a 2027/28”, recém-divulgado pelo Ministério da Agricultura.
Como já informou o Valor, o trabalho prevê que, no total, a produção brasileira de grãos deverá alcançar ao menos 301.8 milhões de toneladas na safra 2027/28, quase 30% mais que no ciclo 2017/18 (232.6 milhões de toneladas). A área plantada deverá aumentar pouco menos de 15% na comparação, para 70.7 milhões de hectares, o que confirma um forte ganho de produtividade.
Esse ganho será determinado por avanços expressivos traçados para soja e milho, culturas que já dominam a colheita nacional atualmente. No caso da soja, a área de cultivo deverá chegar a 45.1 milhões de hectares em 2027/28, 28,4% mais que em 2017/18, e a produção atingirá ao menos 155.9 milhões de toneladas, com aumento de 33,2%. No do milho, o ministério projeta aumentos de 6,2% da área na próxima década, para 17.7 milhões de hectares, e de 26,9% da colheita total (primeira e segunda safras), para 113.2 milhões de toneladas.
Se confirmadas as estimativas, soja e milho, que representaram 84,1% da área plantada de grãos no país em 2017/18, ocuparão 88,8% da área projetada pelo ministério em 2027/28. Na produção, a participação da dupla no horizonte desenhado deverá saltar de 88,7% para 89,2%. Em boa medida, esses crescimentos de área se darão sobre pastagens degradadas, mas arroz e feijão, combinação popular no prato do brasileiro, também perderão espaço.
Segundo o estudo divulgado pelo ministério, a área plantada de arroz, que em 2017/18 foi de praticamente 2 milhões de hectares, cairá para 905.000 hectares em 2027/28 (53,8%). Em virtude dos ganhos de produtividade previstos, a produção do cereal poderá aumentar 3,6% na década, para quase 12 milhões de toneladas. Para o feijão, o cenário aponta para redução de 37,2% da área, para pouco mais de 2 milhões de toneladas e queda de 8 8% da produção para 3.1 milhões de toneladas.
Fonte: Valor