A desaceleração econômica demorou, mas chegou ao agronegócio. O PIB (Produto Interno Bruto) da agricultura caiu em qualquer uma das comparações que se faça.
Embora tenha caído menos do que o PIB geral do País, a atividade da agricultura no segundo trimestre deste ano recuou 2% em relação ao trimestre imediatamente anterior; caiu 3,15% em relação ao mesmo período do ano anterior; recuou 2,4% nos quatro trimestres acumulados e 3,4% no acumulado do ano em relação a igual período imediatamente anterior.
“Fomos os últimos a entrar na crise, mas esperamos ser os primeiros a sair”, disse Renato Conchon, coordenador do núcleo econômico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Este foi um ano atípico, afetado por influências climáticas trazidas pelo fenômeno “El Niño”.
“Normalmente o segundo trimestre é mais fraco, mas o que assustou foi o tamanho da queda nesse período deste ano”, acrescentou Conchon.
Ironicamente, entre os produtos que empurraram a taxa de PIB para baixo estão os produtos básicos, presentes diariamente na mesa dos consumidores.
O IBGE apontou que a produção de vários produtos importantes neste segundo trimestre indicam para queda no ano.
Entre eles estão arroz (-15%) e feijão (-9%). O volume de produção desses itens não é tão importante quanto o de soja, a líder nacional em produção, mas afeta diretamente o dia a dia do consumidor.
Com a queda de produção desses produtos, o estoques de arroz chegam ao final do ano suficiente para apenas oito dias de consumo. Já o de feijão, também muito limitado, será de 14 dias.
A queda de produção do milho (21%) também é um golpe no bolso dos consumidores, uma vez o cereal é a base da alimentação animal.
Em direção oposta, o café – cuja estimativa de aumento de produção é de 11% – ajudou a melhorar a performance do PIB. O aumento de produção foi, no entanto, uma recuperação dos patamares normais, após a queda do ano passado.
Conchon acredita que o terceiro trimestre já vai indicar uma recuperação do PIB agrícola. “As safras desse período já vêm com um certo alívio”, disse ele.
O analista da CNA acredita que o PIB agrícola volta a crescer porque, ao contrário do comportamento de outros setores, a agricultura se descolou da crise política.
O PIB agrícola deverá crescer 1,8% neste ano, repetindo o desempenho de 2015, na avaliação da CNA.
Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S. Paulo