Arroz deve seguir a alta do feijão e deixar prato feito mais caro

Mauro Zafalon

Não é apenas o feijão que virá com preços ainda mais salgados para o consumidor nas próximas semanas. O arroz segue o mesmo caminho.

O preço elevado do cereal está sendo determinado por produção menor, custos maiores nas importações e margem maior de comercialização a ser imposta pelo varejo.

Recessão e desemprego tiram boa parte dos consumidores dos produtos de maior valor e os empurram para os básicos. Perdendo vendas e margem nos primeiros, o varejo impõe taxas maiores de ganhos nos segundos.

Vlamir Brandalizze, especialista em arroz e feijão, disse que as margens de varejo para o pacote de arroz, que eram de R$ 1,00 a R$ 2,00 por pacote de cinco quilos, deverão subir para R$ 3,00 a R$ 3,50.

No caso do feijão, as margens sobem de R$ 1,00 a R$ 2,00 por quilo para R$ 3,00 a R$ 5,00. É uma maneira de as lojas de varejo buscar um equilíbrio de contas devido à queda de vendas em outros setores, afirma o analista.

No ano, o arroz acumula, até maio, alta de 4,07%, praticamente a mesma variação do IPCA (4,05%).

Os motivos da alta de preços do arroz não diferem muito dos da elevação do feijão. Área e produção serão menores nesta safra 2015/16.

O País destinou 1.99 milhão de hectares para a produção de arroz neste ano, 14% menos do que em 2014/15. A produção na safra 2015/16 recuou para 10.7 milhões de toneladas de 12.4 milhões de toneladas na anterior.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê o consumo nacional em 11.5 milhões de toneladas.

Gaúchos

O Estado que mais pesa na produção brasileira de arroz, o Rio Grande do Sul, foi um dos que reduziram área.

Os gaúchos plantaram 1.08 milhão de hectares na safra 2015/16, queda de 4% em relação à safra anterior. A safra do Estado caiu para 7.5 milhões de toneladas neste ano, 13% abaixo da de 2014/15, segundo dados da Conab.

Brandalizze prevê safra ainda menor no Estado, próxima de 7.3 milhões de toneladas.

As lavouras gaúchas tiveram redução forte no volume neste ano porque a produtividade da região, devido a problemas climáticos, caiu 15%.

Um dos diferenciais deste ano em relação aos anteriores é que a Conab está sem estoques de arroz. O mais recente levantamento indica apenas 215.000 toneladas, contra volumes de 1 milhão a 2 milhões de toneladas nos anos anteriores. O País consome 32.000 toneladas por dia.

Além disso, as importações encareceram. Os preços externos, que estavam perto de US$ 200,00 a tonelada, já chegam a US$ 250,00 e podem ir US$ 300,00, disse Brandalizze.

O que deve salvar um pouco o mercado interno é que os países do MERCOSUL produzem arroz já tendo como meta exportações para o Brasil.

Fonte: Folha de S. Paulo

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