A armazenagem de milho safrinha a céu aberto no Centro-Oeste brasileiro voltou a acionar o sinal de alerta para os históricos problemas de armazenagem no país. “Temos de lembrar que muitos armazéns de cooperativas e cerealistas ainda tem trigo estocado: cerca de 1.1 milhão de toneladas em Mato Grosso, entre Paraná e Rio Grande do Sul, e se aproxima a colheita de mais trigo (5.4 milhões de toneladas)”, indica a consultoria Trigo & Farinhas.
O Brasil colhe neste momento uma super-safra de milho safrinha (63.52 milhões de toneladas contra 40.77 milhões de toneladas do ano passado), soja (setembro-dezembro – 113 milhões de toneladas contra 95 milhões de toneladas do ano passado) e milho verão (janeiro-fevereiro – 30 milhões de toneladas, contra 23 milhões de toneladas do ano passado). Serão nada menos que 48 milhões de toneladas a mais para armazenar nos próximos oito meses.
A ONU recomenda que a capacidade de armazenagem de grãos de um país seja de 1,2 vezes a sua safra anual. A do Brasil, porém, é de apenas 0,71 vezes (produzimos cerca de 234 milhões de toneladas e nossa capacidade de armazenagem é de 166 milhões de toneladas, segundo o IBGE), não atingindo, portanto, o índice considerado adequado.
“Com isto, a armazenagem poderá ser um fator negativo para os preços em médio e longo prazos. Para evitar perder produto deteriorado a céu aberto, ou por não ter espaço para armazená-los, os produtores poderão acreditar que vender a um preço menor seja o mal menor”, disse o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.
“Isto vale principalmente para o milho (que sofre com a retração do mercado de carnes), mas também para a soja, embora menos, porque esta tem demanda internacional ativa. No que se refere ao trigo, é também um fator limitante para novas elevações dos preços, embora uma alta de 20% já esteja cristalizada até este momento, mas poderá ser reduzida levemente com a safra, por pressão da colheita, voltando os preços a subir depois de janeiro”.
Fonte: Agrolink