Área agrícola pode crescer 30 mi de hectares sem desmatar

Para a diretora de pesquisas do IIS, Agnieszka Latawiec, o aumento da produtividade da pecuária irá exigir esforços significativos , incluindo um planejamento territorial integrado
Para a diretora de pesquisas do IIS, Agnieszka Latawiec, o aumento da produtividade da pecuária irá exigir esforços significativos

Um estudo coordenado pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que o Brasil pode liberar mais de 30 milhões de hectares de pastagem degradada para cultivo agrícola e atender toda a demanda alimentos até 2040 sem desmatamento.

“Para fazer a análise, cruzamos dados da quantidade de pastagens existentes com informações sobre o rebanho do Brasil, além do potencial de cada região de acordo com o solo e clima”, explica o pesquisador da Embrapa, Judson Valentim.

Dados da pesquisa, registrados em 2006, mostram que o País tem cerca de 165 milhões de hectares cultivados na agropecuária – 101,4 milhões correspondem a pastos e 64,3 milhões a lavouras. Considerando que o território nacional conta com 851,1 milhões de hectares , Valentim diz que a produtividade atual da agropecuária corresponde entre 32% e 34% do potencial do País.

“Se passarmos deste um terço de produtividade para entre 49% e 52%, já conseguiríamos atender toda a demanda de carne e leite até 2040, e ainda liberaríamos cerca de 32 milhões de hectares para produção agrícola” enfatiza.

“Nossas análises mostram que o Brasil já possui áreas suficientes para absorver a maior expansão de produção agrícola do mundo nas próximas três décadas, sem precisar desmatar um hectare adicional de áreas naturais”, completa o coordenador do estudo, Bernardo Strassburg, diretor executivo do IIS.

 

COMO EXPANDIR

Uma das maneiras de aumentar em produtividade é apostando em integração. Valentim lembra que a segunda safra de grãos no Mato Grosso aumentou significativamente após o processo de integração entre lavoura e pecuária. Agora, a inclusão das florestas auxilia na conservação da área.
As cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras desenvolvidas pela Embrapa já são adotadas em mais de 42 milhões de hectares de pastagens no Brasil.

“Por serem bem adaptadas às diferentes condições de clima e solo, além de mais produtivas e de melhor qualidade, estas pastagens proporcionaram renda adicional de R$ 8,9 bilhões aos produtores em 2013. Esses sistemas de produção sustentáveis conciliam aumento da produção e a melhoria da renda e do bem-estar dos produtores com a conservação dos recursos naturais”, avalia.

Segundo o pesquisador, um dos fatores que mais limitam a qualidade das pastagens nacionais é a falta de nitrogênio no solo, e a leguminosa supri essa necessidade pois fixa o nitrogênio e ainda melhora a qualidade do alimento dos animais.

“Outra saída é melhorar o manejo dos pequenos e médios produtores, fornecendo acesso a tecnologias que os permitam expandir em produtividade”, destaca.

Para a diretora de pesquisas do IIS, Agnieszka Latawiec, o aumento da produtividade da pecuária irá exigir esforços significativos , incluindo um planejamento territorial integrado, oferta de linhas de crédito compatíveis com a pecuária, de preferência com assistência técnica integrada, fatores caracterizados como “grandes desafios.”

“Entretanto, mostramos que esse aumento é possível e que poderia contribuir para resolver uma variedade de problemas socioambientais, aumentar a renda do produtor, diminuir a pobreza rural e fixar o homem no campo, resultando em um setor agrícola mais sustentável no Brasil”, comenta Latawiec.

 

Fonte: DCI

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp