O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, criticou a carta enviada por investidores europeus ao governo brasileiro condicionando o investimento no setor de soja do País à continuidade da Moratória da Soja na Amazônia.
Segundo Pereira, os europeus não contam com práticas ambientais similares às brasileiras em sua produção. Além disso, seria difícil para a Europa encontrar outro país para investir que tenha potencial produtivo com sustentabilidade como o Brasil, enquanto há outros mercados que continuam demandando a soja brasileira.
“Isso é pura ameaça, a gente chama de fogo de palha. Se eles não quiserem buscar a nossa soja, vão ficar sem soja, vão buscar outra fonte de proteína”, disse o presidente da Aprosoja Brasil.
Ele também elogiou a resposta do governo brasileiro, que teria salientado aos investidores que o Brasil desenvolveu uma estrutura legal e políticas concretas para mapear a produção agrícola e garantir a proteção da vegetação nativa, que cobre 66% do território nacional.
“Nós temos um sistema de monitoramento da Embrapa que é confiável”, disse Pereira, referindo-se ao mapeamento feito pela Embrapa Territorial a partir de informações mantidas no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar).
O presidente da associação também argumentou que, se os europeus realmente querem investir na cadeia de soja brasileira, poderiam direcionar recursos ao sistema da própria Embrapa ou remunerar os produtores na manutenção da reserva legal.
“O europeu deve entender como é o processo das nossas reservas legais e áreas de preservação permanente. Elas são responsabilidade do produtor rural. Temos de protegê-las de incêndios, invasões, gado e outros tipos de animais”, ressaltou Pereira.
“Cadê o europeu dizendo que quer ajudar o produtor a preservar a reserva legal? Paguem por nossas reservas que isso já é um bom investimento em meio ambiente e proteção ambiental.”
Pereira informou que a Aprosoja prepara o embasamento para o envio de recurso ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), questionando a Moratória da Soja na Amazônia.
“O Cade já está sabendo que nós estamos preparando um embasamento bom”, disse, em defesa de agricultores que cumprem o Código Florestal, mas que não conseguem vender para tradings em áreas do Bioma Amazônico. “Estamos tentando fazer o mais rápido possível.”
Broadcast Agro