Aprosoja-BA estima aumento de 7% na área de soja e redução de 50% na de milho 

A Bahia deve plantar uma área de 5% a 7% maior com soja na safra 2023/24, a partir de outubro no Estado, estima a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado da Bahia (Aprosoja-BA). Já as lavouras de milho tendem a diminuir pelo menos 50% em área plantada. No atual ciclo 2022/23, o Estado plantou aproximadamente 1.870 milhão de hectares com a oleaginosa e entre 230.000 e 250.000 hectares com o cereal.

Migração 

“Acredito que haverá migração das áreas de milho e algodão, que são culturas com custos mais elevados e margem de rentabilidade mais baixa, para soja. A área de soja deve aumentar também pelo fato de que em safra com El Niño, onde os riscos para a produtividade são maiores, o produtor tende a migrar para a cultura mais barata”, disse o Presidente da Aprosoja-BA, Leandro Köhn, ao Broadcast Agro nos bastidores da 17ª Bahia Farm Show.

Milho: Redução da área plantada

No caso do milho, Köhn estima que a redução da área plantada será “severa” em virtude da baixa rentabilidade do cereal. “Hoje, a margem de rentabilidade do milho é negativa para o produtor. Haverá uma redução drástica, talvez até mais de 50%. O produtor vai fazer isso porque o milho precisa de muito recurso para plantar, exige alta adubação nitrogenada e qualquer seca que aconteça pode ter quebra total na produção”, disse o Presidente da Aprosoja-BA. Köhn não vê no momento estímulo para abertura de novas áreas no Estado. “Não devemos ter aumento na área total. Muitas áreas que estavam abertas inclusive nem foram ainda plantadas. O investimento está parado”, acrescentou.

Queda nos preços dos grãos

Um dos principais motivos para a manutenção da área plantada, segundo Köhn, é a queda expressiva dos preços dos grãos neste ano. No Oeste Baiano, ele calcula que o preço da soja recuou de R$ 160,00 por saca praticado no início de fevereiro para R$ 116,00 por saca na última semana e sendo negociado em torno de R$ 100,00 por saca para entrega na próxima safra. “É uma queda muito expressiva. Hoje, o custo médio estimado para 2023/24 é de R$ 4.500,00 por hectare de soja, que gera um custo de R$ 79,00 por saca, mas podemos ficar com margem negativa. No milho, o custo médio aproximado é de R$ 7.000,00 por hectare, com custo de R$ 47,00 por saca, acima do preço atual comercializado de R$ 46,00 por saca. Na safra anterior, o custo foi de R$ 9.000,00 por hectare ou de R$ 60,00 por saca, um prejuízo de R$ 2.000,00 por hectare”, disse.

Segundo o Presidente da Aprosoja-BA, se o El Niño confirmar uma produção maior nos Estados Unidos e no Sul da América do Sul, os preços dos grãos podem sofrer maior pressão baixista, em virtude do aumento da oferta.

A produção no Estado foi de cerca de 7 milhões de toneladas de soja (produtividade média de 62 sacas por hectare) na safra 2022/23 e de 2.25 milhões de toneladas de milho (rendimento médio de 150 sacas por hectare), que está sendo colhido. “Houve quebra de produtividade no milho plantado mais tarde. Na soja, vimos redução de produtividade em áreas marginais porque ficaram até 40 dias sem chuva”, disse Köhn.

Safra 23/24

Para a safra 2023/24, além dos preços mais baixos dos grãos, a preocupação dos produtores do Estado está relacionada ao grau de severidade do El Niño, fenômeno climático caracterizado pela má distribuição de chuvas. “O El Niño severo geralmente causa danos maiores, como foi na safra 2015/16. Nos outros anos de El Niño, a safra no Estado foi menor. No El Niño ‘normal’ existe uma concentração de chuva entre novembro e janeiro e ausência de chuva, de fevereiro a março. Nos últimos anos, quem plantou cedo conseguiu finalizar a lavoura e colher até o período acentuado da falta de chuva, em fevereiro, ou seja, as lavouras de milho e algodão ficam mais expostas e as de soja sofrem menos”, disse o Presidente da Aprosoja-BA.

Redução do nível de investimento 

Neste cenário de queda dos preços e de instabilidade climática, os produtores tendem a reduzir o nível de investimento nas lavouras, estima Köhn. “É um cenário extremamente preocupante porque temos uma queda muito acentuada da renda. Nos últimos dois anos foram feitos investimentos, os juros estavam mais elevados, os preços dos maquinários elevados. Agora, será um ano de redução de custos nas lavouras, de retirada de fertilizante e de corte em alguns químicos”, disse.

Corte no volume aplicado de adubos

Köhn disse que não é possível mensurar neste momento quanto será o corte no volume aplicado de adubos pelos produtores, que já foi de 25% na safra passada, mas que haverá redução, especialmente de fósforo. “A grande maioria dos produtores vai reduzir adubo, principalmente o fósforo e parte de cloreto de potássio. O produtor vai avaliar caso a caso, mas haverá redução porque, embora os preços dos fertilizantes tenham recuado, as cotações da soja caíram mais”, disse. A safra 2023/24 começa a ser plantada em meados de outubro no Estado.

Fonte: Broadcast Agro
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