Após subir 1,90% em outubro, preços do arroz devem manter trajetória de alta

Por Cleiton Evandro dos Santos /AgroDados

Ainda que restem duas parcelas de financiamento para que boa parte dos agricultores quitem seus débitos de custeio em novembro e dezembro, e isso gere alguma pressão no mercado, os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul estão em alta graças ao clima e à redução de área. Mas não é uma alta assim tão substancial.

Em outubro, a média dos preços estaduais pesquisadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), subiu 1,90%, finalizando no dia 31 a R$ 46,54, equivalente a US$ 11,60.

A trajetória de alta é comemorada, mas os preços ainda estão abaixo da média do custo de produção no estado, sem contar que a maior parte dos produtores já negociou o grão com a indústria no primeiro semestre via CPRs, depósito ou comercialização direta.

Depois de uma redução da intenção de plantio para 947.000 hectares, o plantio arrancou bem em setembro. No entanto, em 4 de novembro está atrasado. No ano passado o cultivo já alcançava 70% da área estimada, que era 50.000 hectares maior.

Até quinta-feira passada, o Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz) apontava que apenas 54% das lavouras estavam plantadas, e já começava a computar as perdas por enchentes e alagamentos provocados pelo excesso de chuvas de outubro no Rio Grande do Sul. A previsão de chuvas acima da média até pelo menos 15 de novembro, preocupa ainda mais.

Perdas

Não dá para quantificar, mas exceto se ocorrerem condições climáticas muito boas a partir de dezembro, com muita luminosidade, já que o arroz é muito responsivo à tecnologia e o clima, a tendência é de que se registre perdas no potencial produtivo.

Algumas áreas também terão de ser replantadas, se o produtor tiver recursos para tanto. Arrancamos de uma expectativa de área menor e produtividade média praticamente estável, pois a falta de renda implica em redução do pacote tecnológico das lavouras. E então, o clima a afeta ainda mais negativamente.

Cotações

Na sexta-feira, 1º de novembro, as cotações seguiram subindo. A saca de 50 quilos do arroz em casca no RS, à vista, foi cotada a R$ 46,65, ou US$ 11,73 – a maior média das seis regiões gaúchas nos últimos dois anos, pelo Cepea. No mercado livre a cotação passou a ser de R$ 46,50. A Campanha e a Região Central têm as menores médias, entre R$ 44,00 e R$ 45,00. A Zona Sul alcança preços de R$ 49,00 a R$ 50,00 dependendo da empresa.

A forte movimentação de caminhões descarregando no pátio de uma empresa nos últimos dias e os preços praticados na compra de arroz entusiasmou os produtores.

No entanto, no ambiente dos corretores, indústrias e demais agentes de mercado, a informação é de que se trata de reposição de estoques de uma de suas marcas, cuja antiga detentora não formava grandes estoques, e também estratégia contábil para valorizar um grande estoque no trimestre final do ano.

Entre os industriais a preocupação continua a ser em relação à demanda arrastada do varejo, que pressiona contra o ajuste de preços.

Exportações

Confirmando mais uma vez a informação antecipada com exclusividade pelo Planeta Arroz, as cargas de arroz em casca para a Venezuela começam a se movimentar no Mercosul. Paralelamente ao movimento de cargas com rumo ao Iraque, que deve somar 150.000 toneladas (base casca), outras 120.000 toneladas devem seguir para a Venezuela, apesar de toda sua crise. O navio afretado já aguarda carregamento em Rio Grande.

Os produtores seguem preocupados com a falta do anúncio de medidas de resgate do crédito e renegociação dos débitos, enquanto as entidades correm atrás da pressão política para aprovar as ações. No varejo, o final do mês não trouxe alteração substanciais nos preços.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 46,80 para a saca de arroz de 50 quilos, à vista, no Rio Grande do Sul (58 x 10). Para produto beneficiado, Tipo 1, em sacas de 60 quilos, o valor sobe para R$ 102,00. O farelo de arroz é cotado a R$ 470,00 por tonelada dirigida às indústrias de rações do Vale do Taquari. Enquanto isso, o canjicão e a quirera (ambos em 60 quilos) mantiveram cotações de R$ 65,00 e R$ 42, respectivamente.

 

Planeta Arroz

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