Após registar a mínima de três meses, soja tenta recuperação e fecha em leve alta em Chicago

Após consecutivas sessões de queda e de registrar a mínima de três meses, os contratos futuros da soja negociados na CBOT voltaram a subir e encerraram o pregão em modesta alta. O vencimento novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, terminou o dia cotado a US$ 9,73 ¾ o bushel, em alta de 7,50 centavos, após registar uma máxima de US$ 9,83.

Segundo o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, o avanço das cotações é natural neste momento, após o recuo expressivo dos últimos dias, além da influência da volatilidade típica do momento. Entretanto, disse que a pressão sobre as cotações pelas boas condições de clima no Meio-Oeste dos Estados Unidos ainda não terminou.

Fernandes disse que os atuais preços praticados na Bolsa de Chicago já começam a refletir as perspectivas, cada vez mais fortes, de uma safra norte-americana recorde, com estimativas de consultorias particulares já indicando números próximos as 110 milhões de toneladas. As mesmas consultorias privadas estariam revisando ainda suas estimativas para a produtividade desta temporada no país para algo entre 53 e 54 sacas por hectare, contra as 52 sacas estimadas pelo USDA.

Contudo, acredita que quase todas as “notícias ruins” para os preços já foram divulgadas.

Agosto é o mês chave para o desenvolvimento e consolidação da safra de soja nos Estados Unidos e, por essa razão, a situação climática deverá permanecer apresentando boas condições para que estas estimativas sejam alcançadas. Dessa forma, a volatilidade em Chicago deverá permanecer alta ao longo da semana, principalmente na medida em que as previsões do tempo para o Corn Belt forem sendo atualizadas.

“Os mercados deverão permanecer voláteis durante o verão americano”, disse Bryce Knorr, analista do portal internacional Farm Futures. E essa volatilidade, ainda segundo Ênio Fernandes, deverá se intensificar com a movimentação dos fundos, que seguem atuando de forma agressiva nos mercados das commodities agrícolas.

E para o analista internacional, a atenção precisa ser divida ainda com a situação financeira internacional. A agenda da semana é cheia, principalmente com a reunião de dois dias do Federal Reserve, quando mais uma vez será discutido e decidido o futuro da taxa de juros nos Estados Unidos.

Mercado Interno

No Brasil, a alta das cotações na Bolsa de Chicago criou as condições para alguma recuperação nos preços da soja no mercado interno. Além disso, os fundamentos locais de oferta e demanda, ainda segundo o consultor da Terra Agronegócios, também poderão promover uma recuperação das cotações brasileiras daqui em diante, uma vez que a disponibilidade de produto é bastante limitada neste momento.

“Os estoques na região Centro-Sul do Brasil estão muito baixos. Nunca tivemos estoques tão baixos, e essa escassez deverá ajudar os prêmios a subir”, disse Ênio Fernandes.

No porto de Paranaguá, a saca da soja disponível fechou estável, cotada a R$ 82,00, enquanto a saca no mercado futuro caiu 1,25%, para R$ 79,00. Já no terminal de Rio Grande, a saca do produto disponível subiu 1,01%, cotada a R$ 80,00 e no mercado futuro registrou alta de 1,29%, cotada a R$ 78,50.

O que ainda limita a alta dos preços e tira a competitividade da soja nacional é a dificuldade do dólar para retomar patamares mais elevados. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana voltou a cair e a se afastar dos R$ 3,30, fechando em baixa de 0,72%, cotado a R$ 3,2703 para a venda. Ao longo do dia, a divisa chegou a cair mais de 1%.

No interior do Brasil, em algumas praças, como Não-Me-Toque/RS e Cascavel/PR, saca caiu 0,70%. Em outras, como Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em Mato Grosso, registrou alta de até 1,41%.

Milho: No Brasil, contratos futuros têm nova alta e sobem mais de 2% na BM&F 

No mercado interno, as cotações do milho voltaram a subir em algumas praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas. Em Mato Grosso, em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, a alta foi de 9,38%, com a saca do cereal cotada a R$ 35,00. Em Cascavel (PR), a alta foi de 1,39%, com a saca cotada a R$ 36,50.

Ainda no Paraná, em Ubiratã e Londrina, a saca subiu 1,37%, cotada a R$ 37,00. Em contrapartida, em Itapeva (SP), a saca caiu 2,33%, cotada a R$ 41,03.

No Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega setembro/16 fechou o dia cotada a R$ 32,00, em queda de 3,03%.

Nas demais regiões o dia foi de estabilidade.

Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do milho também encerraram o pregão em alta. Os principais vencimentos acumularam valorizações de 0,92% a 2,28%. A referência para a safrinha brasileira, o setembro/16, fechou cotado a R$ 48,31/saca. Já o novembro/16 fechou cotado a R$ 49,40/saca e o janeiro/17 a R$ 49,50/saca.

Segundo os analistas, a alta é um reflexo das condições do mercado interno nesse momento. “E o quadro é decorrente da postura dos produtores de retenção do produto, já que muitos estão vendendo somente o necessário”, disse o consultor da França Junior Consultoria, Flávio França Junior.

O CEPEA também informou que a volta dos compradores ao mercado contribuiu para reforçar as condições vigentes no mercado. “Com baixos estoques e temendo encarar novamente um cenário difícil, como o verificado no primeiro semestre, compradores voltaram ao mercado”, destacou o CEPEA em nota.

“E o que impede uma explosão nos preços é que estamos fora das exportações. As cotações praticadas no mercado interno estão acima da paridade para exportação, o que inviabiliza o fechamento de novos negócios. E o movimento dos preços será balizado pela decisão do produtor de vender ou não o produto”, disse o consultor.

O volume de milho embarcado no segundo semestre também deverá contribuir para direcionar o mercado. No acumulado, os embarques de milho estão próximos das 4 milhões de toneladas e ainda há mais de 2.7 milhões de toneladas nas filas de embarques. Segundo dados da ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) o País deverá exportar 23 milhões de toneladas ao longo de 2016.

Bolsa de Chicago

Pelo segundo dia consecutivo, os contratos futuros do milho negociados na CBOT recuaram. Os principais vencimentos registraram quedas entre 1,75 e 2,25 centavos. O vencimento setembro/16 fechou cotado a US$ 3,32 ½, enquanto o dezembro/16 fechou cotado a US$ 3,39 ½. Já o março/17 fechou cotado a US$ 3,49 o bushel, em queda de 2 centavos.

Mais uma vez, as cotações foram pressionadas pelo bom desenvolvimento da safra 2016/17 nos Estados Unidos. E, por enquanto, as previsões mais longas do NOAA indicam temperaturas acima do normal, porém, ainda há previsões de chuvas entre os dias 2 a 8 de agosto.

“Mais chuvas estão previstas para essa semana, no período de 6 a 10 dias, o que deverá evitar qualquer estresse resultante do clima quente da próxima semana”, disse Bob Burgdorfer, analista e editor do portal Farm Futures.

 

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