O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) irá contratar quatro consultores para dar suporte e criar materiais informativos para a execução do Projeto ABC Cerrado. A iniciativa veio após a recente formalização de um acordo de doação por parte do Banco Mundial, no valor de US$ 10,6 milhões.
O montante será aplicado em capacitação nas tecnologias de baixa emissão de carbono, formação profissional e assessoria em campo no Brasil, por meio do projeto. A informação é do coordenador técnico do programa, Igor Orígenes Moreira Borges.
Os profissionais serão contratados pelo Senar com indicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), parceira do projeto juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Eles vão trabalhar, principalmente, na produção de materiais destinados aos oito Estados, além do Distrito Federal, que integram o bioma Cerrado: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí e Minas Gerais.
A iniciativa ocorreu depois da realização de uma oficina em Brasília (DF), nos dias 16 e 17 de setembro, que contou com a participação de cerca de 80 representantes das nove regiões do País que possuem área de Cerrado. O encontro teve como objetivo esclarecer e alinhar pontos da execução técnica e administrativa-financeira do ABC Cerrado.
“A oficina serviu para promover a integração entre o grupo gestor dos Estados e o Senar, como forma de iniciarmos as estratégias de implementação das ações do Projeto ABC Cerrrado”, informa Borges.
O coordenador destaca que, embora o Plano ABC preveja seis tecnologias a serem trabalhadas, no começo, somente as quatro consideradas primordiais serão postas em prática: plantio direto, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de pastagens degradadas e florestas plantadas.
“As duas tecnologias que ficaram provisoriamente de fora – tratamento de dejetos e fixação biológica de nitrogênio – já vêm sendo tratadas por diversos Estados, principalmente pelos produtores de soja. O tratamento de dejetos, por exemplo, é aplicado mais na região Sul, que está fora do bioma Cerrado”, explica.
De acordo com Borges, os consultores, que serão contratados ainda neste ano e vão dar suporte ao Senar na elaboração dos materiais informativos do Projeto ABC Cerrado, irão auxiliar na capacitação de instrutores, técnicos de campo e supervisores nos Estados formatados por eles.
TRÊS FASES
“Vamos trabalhar em três fases, a partir de 2015. Na primeira, serão realizados seminários e capacitação profissional nos oito Estados que integram o bioma Cerrado, além do Distrito Federal. Na segunda, iremos oferecer assistência técnica, mas somente para quatro Estados (Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins), por causa da falta de recursos para atender a todos, e, na terceira fase, vamos fazer a avaliação e monitorar para analisar a capacitação e a assistência técnica oferecidas”, cita.
No caso da assistência, oferecida inicialmente apenas para os quatro Estados mencionados, Borges detalha que serão treinados 30 técnicos de campo que vão trabalhar em dez propriedades na capacitação dos produtores rurais, de cada Estado.
“No total, vão ser formados 120 técnicos que, por sua vez, vão capacitar mais dez técnicos da ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) ou Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), conforme a atuação destes órgãos nos quatro Estados. O intuito é nivelar os conhecimentos, falar a mesma língua.”
ENTENDA MELHOR
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Projeto ABC Cerrado integra ações do Plano ABC, que estabelece as iniciativas e esforços do setor agropecuário brasileiro na redução das emissões de gases de efeito estufa.
No caso do bioma Cerrado, o intuito é “aumentar a área produzida com sistemas sustentáveis de produção e diminuir a pressão sobre as florestas nativas, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa”, destaca o órgão.
Conforme o Mapa, ao todo devem ser investidos cerca de R$ 25 milhões em recursos do Programa de Investimentos Florestais (FIP, na sigla em inglês). A quantia será gerenciada pelo Banco Mundial para a realização de cursos sobre a recuperação das pastagens degradadas, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iPLF), sistema de plantio direto e florestas plantadas.
Segundo o Senar, o Projeto ABC Cerrado, além de incentivar e difundir a adoção de práticas sustentáveis para reduzir as emissões de gás carbônico, pretende “sensibilizar o produtor para que ele invista na sua propriedade, de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado”.
O Projeto ABC Cerrado tem prazo de execução até o ano de 2017. Com isso, a intenção é que seja levada capacitação para 12 mil propriedades, sendo 1,2 mil nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. Estes estabelecimentos vão firmar um compromisso de executar uma das tecnologias aprendidas, que serão transformadas em “cases” de estudo e vitrines tecnológicas.
Por equipe SNA/RJ