Apesar da preocupação do mercado com a provável entrada em vigor, a partir de amanhã (dia 6/7), da sobretaxa de 25% imposta pela China à soja dos Estados Unidos, analistas do setor acreditam que as cotações do grão tendem a se recuperar na bolsa de Chicago neste terceiro trimestre.
Desde o início de março, quando o presidente americano Donald Trump decidiu impor tarifas sobre a importação de aço e alumínio, mercados em que a China é um player dominante, o contrato futuro de soja setembro/18 caiu quase 20% ou US$ 2,75. A razão é que a China reagiu à medida dos EUA impondo sobretaxa a vários produtos americanos, entre os quais a soja.
Em meio à falta de um entendimento entre as duas potências e ao desenvolvimento excepcional da safra americana de soja, 71% da lavoura estão condições ótimas e excelentes, segundo o USDA, os preços da oleaginosa despencaram.
“Acho que a cotação da soja está muito perto do fundo do poço e tende a recuperar agora”, disse Enilson Nogueira, analista da consultoria Céleres. Para ele, é possível que a soja seja cotada “pouco acima” dos US$ 9,00 por bushel. Na terça-feira, o contrato com vencimento em agosto caiu 5,50 centavos, a US$ 8,48 o bushel.
Na avaliação de Victor Ikeda, analista do Rabobank, a cotação deve ficar ao redor dos US$ 9,00 por bushel no terceiro trimestre do ano. Segundo ele, os chineses não podem prescindir da soja americana.
“A China tem de comprar 20 milhões de toneladas no terceiro trimestre do ano, e o Brasil só tem condições de suprir cinco milhões de toneladas dessa demanda”, afirmou. Assim, ele acredita que a China voltará a comprar volumes mais significativos da soja dos EUA, o que deve dar suporte às cotações.
Na mesma linha, a analista da consultoria INTL FCSTone, Ana Luiza Lodi, ressaltou que boa parte da safra brasileira já está vendida. Segundo ela, 75% da safra de 117.14 milhões de toneladas de soja já foi comercializada.
A analista disse, ainda, que a China tem reduzido as compras de soja americana desde abril, o que tem sido um fator baixista para a commodity em Chicago. “Mas como a China não terá como continuar evitando as compras por muito tempo, a tendência é que os preços encontrem suporte”, sinalizou Ana Luiza.
Fonte: Valor Econômico