“Não vai faltar soja no Brasil”, afirmou Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja Brasil, em um webinar promovido pela Datagro nesta terça-feira. Segundo Braz, a produção do País tem condições de atender a demanda interna e seguir com as exportações em um momento historicamente positivo para o produtor brasileiro.
Pereira disse ainda que a queda nos preços do diesel tem sido mais um fator positivo para os custos operacionais no campo e que um dos pontos de maior atenção é o dólar bastante alto neste momento.
“É preciso tentar equilibrar isso para que possamos aproveitar o dólar alto e fazer bons negócios, até mesmo para garantir que teremos o plantio futuro”, disse. Afinal, a moeda americana alta reflete de forma instantânea em custos mais altos de produção, com boa parte dos insumos sendo importados.
Também participaram do encontro virtual o presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), André Nassar, e o diretor da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Sérgio Mendes. O webinar foi mediado pelo chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França.
Exportações
As exportações brasileiras de soja, explicou Mendes, foram recordes em março e deverão ser novamente em abril frente ao contínuo fluxo dos embarques no Brasil e ao sistema logístico que vem operando normalmente desde os primeiros dias da quarentena e dos isolamentos sociais.
“Temos de levantar nossas mãos para o céu, porque em vista de outros setores, estamos indo muito bem e não temos do que reclamar”, disse o diretor da Anec. O objetivo da reunião de especialistas foi entender os desafios do mercado brasileiro de grãos neste momento de crise causado pela pandemia do novo Coronavírus.
A Anec estima as exportações de soja em 73 milhões de toneladas e de milho em algo entre 31 e 32 milhões. “O problema nos preços do petróleo prejudicou muito o milho nos EUA e isso pode afetar o Brasil”, afirmou Mendes.
Esmagamento
A Abiove voltou a reafirmar que 2020 será um ano de esmagamento recorde, com um milhão a mais de toneladas em relação a 2019, devendo chegar a 44.5 milhões de toneladas. Bons volumes nas exportações de farelo e óleo de soja também são estimados pela associação, com números de, respectivamente, 16.5 milhões e 500.000 toneladas.
“Haverá muito processamento da soja neste ano”, disse Nassar, diante dos bons momentos do setor brasileiro de carnes e também com a expectativa da retomada da demanda pelo biodiesel. A pandemia promoveu uma drástica redução no consumo de combustíveis de forma geral, o que afetou duramente o setor e, consequentemente, o óleo de soja.
Crédito
Todos os representantes do setor acreditam que a próxima safra deverá ter um cenário de oferta de crédito mais conservadora, com ressalvas, e a possibilidade de recursos mais limitados. Na ocasião, o presidente da Aprosoja Brasil criticou os juros elevados que ainda oneram o produtor rural brasileiro e que, segundo ele, precisam ser repensados.
Adaptações
Em tempos de isolamento social, todos os setores estão se adaptando e trazendo soluções para que os serviços continuem normalizados. Assim, uma das medidas de avanço da Anec é o aumento dos números de clientes que aceitam certificados fitossanitários digitais. “Isso é um bom ganho do nosso setor, e a tendência é de que isso continue aumentando”, declarou Mendes.
Fonte: Notícias Agrícolas