Com o argumento de que as entidades que representam os diferentes elos das cadeias produtivas do agronegócio não participaram até agora das discussões do Plano Safra 2016/17, fontes do setor aconselharam a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, a desistir de antecipar seu lançamento para 4 de maio.
Os convites para a cerimônia, disparados na terça-feira pela própria ministra, causaram surpresa, e já ganha força um movimento de boicote à solenidade, liderado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A quem lhe pergunta sobre a possibilidade de adiar o anúncio do Plano Safra, Kátia tem respondido, em tom de brincadeira: “Falem com o Henrique Meirelles depois que ele resolve”. Meirelles é cotado para o Ministério da Fazenda caso a presidente Dilma seja impedida de continuar no cargo e o vice Michel Temer assuma o seu lugar.
O Valor apurou que a ministra não descarta desistir de antecipar o anúncio do Plano Safra, mas que ela quer garantir recursos para o crédito subsidiado antes de uma provável saída do governo caso Dilma sofra o impeachment. Kátia e sua equipe técnica têm se esforçado para manter nos mesmos níveis do Plano Safra 2015/16 as taxas de juros das principais linhas de crédito ofertadas. Mas o Ministério da Fazenda não definiu se acatará a proposta, já que a atual taxa básica de juros (Selic), fixada em 14,25% ao ano, é superior a que vigorava em maio do ano passado (13,25%).
No geral, a expectativa é que o Plano Safra 2016/17 garanta novo aumento no montante de recursos destinado ao custeio agrícola e pecuário e tenha menos recursos para investimentos – embora o Moderfrota, linha voltada para a aquisição de maquinas e equipamentos agrícolas, deva ser reforçado.
Kátia Abreu também avalia se incluirá no novo plano uma proposta que já vem sendo trabalhada pelo ministério e pela bancada ruralista do Congresso, que é indexar Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) em dólar para atrair investidores estrangeiros ao agronegócio e facilitar emissões desses títulos por produtores rurais. A medida depende, contudo, de uma emenda incluída na Medida Provisória 701, que tramita no Congresso e precisa ser aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado. A MP dificilmente será aprovada antes do fim de maio.
Fonte: Valor Econômico