O anúncio de tarifas para importação de produtos da China, México e Canadá feito pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início a uma enxurrada de especulações. Uma delas, recai sobre o mercado brasileiro de máquinas.
Em coletiva de imprensa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nesta quarta-feira (28), a diretora Executiva de Mercado Externo da Abimaq, Patrícia Gomes, informou que os EUA representam as maiores exportações brasileiras com 26% dos embarques de máquinas e equipamentos; enquanto o México ocupa do segundo lugar com 5,9% das vendas nacionais destes produtos.
Taxações
México e Canadá são os maiores parceiros comerciais dos EUA, por conta do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), um acordo de livre comércio em vigor desde 1994. Esse anúncio provocou reações nos governos dos dois países.
Sobre a China, a representante da Abimaq reforçou que “já é sabido que o presidente eleito tem a intenção, assim como fez na gestão anterior, de taxar aquele país. Só não se sabe o alcance disso; se será um aumento de tarifa em todos os setores ou em segmentos específicos. Ainda não sabemos de que forma isso afetará as exportações do Brasil”, ponderou Patrícia Gomes.
Oportunidades
“No comércio exterior, observamos que quando um país, por exemplo, fecha um acordo comercial que gera um benefício ao parceiro ou restringe o comércio para algum país, há a abertura de possibilidades para outros mercados. Então, essa atitude do Trump pode abrir uma oportunidade de exportação, por parte da indústria brasileira de máquinas, para os Estados Unidos”, antecipou.
Para a diretora Executiva de Mercado Externo da Abimaq, é necessário entender quanto o Brasil terá de ficar mais competitivo para acessar o mercado americano. “Trata-se de um comércio extremamente concorrido. Certamente haverá uma corrida também por parte de outros países buscando esta oportunidade”.
Máquinas agrícolas
Dentre todos os setores de máquinas e equipamentos, o de máquinas e implementos agrícolas apresentou o pior desempenho no acumulado de janeiro a outubro com uma queda de 23%, em relação ao mesmo período do ano passado. “Este ano foi muito difícil com os preços das commodities lá embaixo – principalmente soja e milho, além do excesso de oferta em nível mundial. O primeiro semestre sobreviveu, basicamente, sem recursos do Plano Safra. Tivemos, por fim, o principal fator, que foi uma seca muito forte”, explicou Pedro Estevão, presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq.
Próximo ano
“Para 2025, a gente imagina que se não tivermos outra seca ou outro problema climático, as vendas devem aumentar em torno de 8%, em relação a este ano. É um crescimento conservador, mas é o que conseguimos vislumbrar até agora. Entre março e abril do próximo ano, quando estiverem finalizando as colheitas, poderemos ter uma visão mais clara sobre como será o ano”, reforçou Pedro Estevão.
Exportações
De acordo com o relatório de dados conjunturais de outubro, divulgado hoje pela Abimaq, referente ao décimo mês deste ano, as exportações de máquinas para a agricultura encolheram 4,5%, em relação a setembro/24, e 18,7% no acumulado do ano.
Importações
O mesmo aconteceu com as importações. Em outubro, quase todos os setores apresentaram aumento nos embarques, mas o de máquinas para a agricultura recuaram 12,4% em relação a setembro, enquanto no acumulado do ano a redução foi de 28%.