Anec faz balanço do ano e traz dados inéditos da previsão de safra

Em 2020, diante de tantos contratempos enfrentados durante a pandemia do novo Coronavírus, o agronegócio brasileiro se mostrou um dos grandes motores da economia, reafirmando sua credibilidade, competitividade e sustentabilidade junto ao mercado internacional. Um setor unido e preparado, que de forma exemplar conseguiu dar continuidade aos processos, gerando importantes volumes de embarques.

Para realizar o balanço deste ano, abordando também a questão da sustentabilidade, os principais desafios do setor para o próximo ano, e trazendo dados inéditos da 1ª Previsão de Safra de 2021, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), reuniu no 39º Encontro da Associação importantes nomes como o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão; o diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério de Relações Exteriores, ministro Alexandre Peña Ghisleni e o embaixador da China, Sr. Yang Wanming, que foram homenageados na ocasião.

Neste ano, o encontro foi realizado excepcionalmente no formato de webinar, em função do momento em que vivemos. Mourão recebeu  homenagem no quesito Sustentabilidade pela formação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, que tem o objetivo de preservar e proteger o bioma da Amazônia, além de sua atuação decisiva em prol do agronegócio brasileiro e em defesa da cadeia produtiva da soja, milho e farelo.

Ao agradecer a homenagem, Mourão disse que é preciso eliminar os gargalos na produção, garantir confiança ao agronegócio brasileiro, desenvolver por meio de investimentos consistentes o aumento da produtividade, incentivar a manutenção do produtor no campo, destravar as amarras da economia, reduzir o chamado Custo-Brasil, melhorar a estrutura para o escoamento da produção, garantir segurança para quem produz. Ele destacou essas ações como premissas do Governo.

“Por parte do Estado, cabe garantir o progresso sustentável, respeitando o meio ambiente, sem, contudo, impedir o desenvolvimento e a criação de oportunidades. Não existe neste século XXI desenvolvimento que não seja sustentável. As questões da ordem do meio ambiente se tornaram variáveis de primeira grandeza, com forte apelo estratégico no processo decisório em nível político”, afirmou o vice-presidente da República.

Articulação

O ministro Alexandre Peña, por sua vez, foi homenageado por ser um grande articulador da cadeia produtiva e exportadores junto ao Itamaraty. “Vemos essa homenagem como um tributo a essa parceria que vem se consolidando entre o setor público e privado. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, tem nos ajudado enormemente a falar com o exterior com uma única voz, trazendo governo e setor produtivo. Durante a pandemia, diante de diversos desafios, mostramos que somos um fornecedor confiável”, disse o Peña.

Brasil e China

A Anec também homenageou o embaixador da China no Brasil, Sr. Yang Wanming, pelo bom relacionamento entre os dois países. “Brasil e China são parceiros naturais quando se trata de agronegócios há 12 anos. A soja tem grande destaque, sendo que 80% das exportações brasileiras do grão tiveram como destino a China neste ano, representando uma alta de 23% no faturamento. O Brasil é um grande produtor e a China o maior país consumidor, tendo a maior classe média do mundo, com uma demanda crescente por produtos de qualidades”, disse.

Wanming destacou que a tendência é que a China abra ainda mais o mercado e amplie a demanda interna, elevando consequentemente as oportunidades para os exportadores brasileiros de grãos. “Vamos trabalhar para colher mais frutos nesta parceria”, disse.

Agradecimentos

A abertura do evento foi realizada pelo consultor jurídico na Anec, Dr. Frederico Favacho, que agradeceu aos patrocinadores Argus Media, Bequisa, Naabsa e Intertek.

O evento foi acompanhado por representantes das empresas exportadoras de cereais, como soja, milho e farelo, a cadeia produtiva do agro e a imprensa.

O presidente da International Grain Trade Coalition (IGTC), Gary Martin, também convidado para a ocasião, agradeceu pelo importante trabalho efetuado em parceria com a Anec na disseminação das melhores práticas do setor.

Ainda durante o encontro, a Anec fez um agradecimento especial a Sérgio Mendes, diretor geral da entidade há 22 anos, que não pode participar do evento, mas que é reconhecido por seu papel fundamental, representando a voz da Associação na defesa dos interesses dos exportadores de cereais e da cadeia produtiva para a prosperidade dos negócios e desenvolvimento do País.

União

Luciano Menezes de Souza, presidente da Anec, finalizou o evento agradecendo a participação de todos e destacando a importância da união da cadeia produtiva, dos exportadores e de todos os atores responsáveis pelo ótimo desempenho deste setor essencial.

“Esse tem sido um ano de grandes desafios para o nosso mercado. No entanto, a nossa união mostrou que conseguimos, sim, enfrentar os maiores contratempos. E neste cenário de pandemia, o agronegócio foi um dos grandes motores da economia brasileira, sustentando as exportações e alimentando o mundo. Essa união também marcará a nossa trajetória em 2021”, afirmou Souza.

Números da safra 2020/21

O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, apresentou na ocasião a estimativa de safra 2020/21. Levantamento da consultoria aponta para uma produção de 133.2 milhões de toneladas de soja (contra 133.9 milhões de toneladas na previsão anterior), em área plantada de 38.4 milhões de hectares. O número, porém, apresenta viés de baixa devido aos problemas climáticos ocorridos desde o início do plantio.

Segundo Pessôa, as atuais previsões climáticas para as próximas semanas não são favoráveis, e a safra poderá não entregar todo o potencial produtivo esperado. “Ainda é cedo para definir, mas faltam chuvas e há problemas nos principais estados produtores – Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. No Sul do Brasil, especialmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a iminência da ocorrência do fenômeno La Niña põe em risco também a produção da região”.

No Mato Grosso, houve replantio da soja mais precoce em quase todo o estado, exceto na região Leste, onde o clima foi mais regular. No Sul do País, o clima ainda seco no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina limita o avanço do plantio. Parte das lavouras, já semeadas, corre o risco de replantio.

O Paraná recebeu mais chuvas que os demais estados (mesmo irregulares), que permitiram o avanço do plantio. No entanto, há relatos de replantio no oeste do estado, onde o calendário para a segunda safra de milho está comprometido.

Apesar dos problemas climáticos até aqui, a estimativa atual para esta safra é que a produtividade média da soja fique em 57,9 sacas/hectare, um aumento de 2% em relação à safra 2019/20, quando a média foi de 56,6 sacas/ha. Espera-se um retorno da produtividade das lavouras à linha de tendência no Rio Grande do Sul, que foi o único estado a apresentar forte quebra na safra 2019/20.

O estado gaúcho tem peso importante para elevar a média de produtividade Brasil, mesmo que alguns estados apontem para a redução no potencial produtivo devido à irregularidade do clima durante o plantio. Mas, caso a La Niña estenda seus efeitos sobre o Rio Grande do Sul e promova nova queda de produtividades na safra desse ano, esse crescimento de 2% na produtividade média nacional ficará prejudicado.

Os estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais estão em boas condições até o momento. Em janeiro, o Rally da Safra vai a campo para verificar os efeitos do clima adverso nesse início de safra e refinar os números de produção.

Milho

Os problemas climáticos também atingiram a produção do milho verão no Brasil. O clima predominantemente seco prejudicou o potencial das lavouras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Após revisões negativas realizadas nas últimas semanas, a estimativa atual para a produção brasileira é de 25.4 milhões de toneladas, em área de 5 milhões de hectares. No entanto, assim como na soja, o viés aponta para novas reduções. Esse desempenho é 7,20% menor se comparado com a produção da safra 2019/20, que atingiu 27.3 milhões de toneladas.

No milho safrinha, a perspectiva é de crescimento devido ao forte estímulo dos altos preços no mercado. No entanto, o calendário de plantio já está prejudicado em alguns estados como Paraná, São Paulo e Mato Grosso.

A estimativa aponta para uma produção de 83.5 milhões de toneladas, o que significa aumento de 10,30% sobre o período anterior (75.7 milhões de toneladas). A área estimada é de 14.2 milhões de hectares, crescimento de 6,8% em relação à safra anterior. No entanto, o atraso no plantio e a irregularidade climática podem promover um desvio significativo no resultado da produtividade para o milho segunda safra.

“Portanto, apesar do bom momento do mercado do milho estimular um grande aumento do plantio, as preocupações com as previsões climáticas trazem muitas dúvidas sobre o potencial produtivo final”, disse Pessôa.

Algodão

Após o ciclo de crescimento do algodão no Brasil, a previsão para esta safra é de redução na área plantada e, consequentemente, da produção. Essa redução já era esperada em função das incertezas decorrentes da pandemia sobre a demanda de produtos têxteis. A estimativa é de queda de 11,80%, chegando a 1.5 milhão de hectares.

Esse cenário de menor área plantada foi agravado recentemente pelo grande atraso no calendário de plantio de soja precoce no Mato Grosso. “Muitos produtores estão reprogramando áreas que seriam plantadas com algodão safrinha para plantar milho safrinha”, afirmou Pessôa. A produção nesta safra está estimada em 2.6 milhões de toneladas de pluma, com queda de 13% se comparado com o ciclo anterior, de três milhões de toneladas.

 

Fonte: Anec

Equipe SNA

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