Anea: exportação de algodão do Brasil deve aumentar mais de 35% em 2019

As exportações de algodão em pluma do Brasil devem aumentar em ao menos 500.000 toneladas no ano comercial de 2019 em relação a 2018, ou em mais de 35% na comparação anual, com safras recordes e fortes vendas antecipadas. A informação é de representantes do setor.

Os embarques, contudo, deverão ser diluídos ao longo do próximo ano, em vez de se concentrarem no segundo semestre, como tradicionalmente acontece. Isso devido à menor disponibilidade de contêineres para embarques, um problema logístico que também aflige o setor de café.

O setor exportador ainda não tem uma ideia clara do que pode ocorrer com as exportações da pluma em 2019, caso a China e os Estados Unidos caminhem para encerrar uma guerra comercial.

O incremento de exportações esperado para o próximo ano reflete a expansão de produção prevista para o Brasil, para um recorde de cerca de 2.5 milhões de toneladas, após cerca de 2.1 milhões de toneladas em 2018. O plantio da nova safra está prestes a começar, com a colheita sendo realizada em meados do próximo ano.

“Esperamos uma exportação de 1.25 milhão de toneladas para este ano de 2018 e ao menos 1.7 milhão de toneladas em 2019”, afirmou à Reuters o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski. A entidade considera o período de julho a junho para sua estimativa.

Para dar conta desse volume, a tendência é que os embarques se diluam cada vez mais ao longo do ano, uma vez que o Brasil, em razão da menor quantidade de importações, dispõe atualmente de menos contêineres para realizar os envios. A companhia marítima Maerks chegou a citar tal cenário em boletim na semana passada.

“Vamos ter de alongar a exportação”, disse Snitcovski, destacando que, por tradição, cerca de 60% a 70% das vendas se concentram no segundo semestre, algo que pode cair para “50% a 55%” já no próximo ano.

“Um melhor planejamento por parte do setor e navios com contêineres adicionais têm ajudado com relação às exportações do Brasil nos últimos meses”, afirmou Snitcovski nos bastidores de evento do setor em São Paulo.

Também presente no evento, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura, disse que toda safra de algodão deste ano já foi comercializada e que 70% da próxima já tem vendas travadas.

“A questão dos contêineres continua séria. Tem carga que deveria estar saindo e que está com um atraso de duas a três semanas”, observou Moura, descartando, por ora, qualquer cancelamento de venda.

O fato é que exportações maiores pelo Brasil, além de poder colocar o país como segundo maior exportador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, devem favorecê-lo no comércio com a China, um dos maiores importadores mundiais da fibra.

“Com o Brasil se tornando o segundo maior exportador, para a China será importante manter negócios tanto com o Brasil quanto com os Estados Unidos”, disse Snitcovski, da Anea, evitando fazer comentários sobre a guerra comercial sino-americana, diante das incertezas.

China e EUA deram uma trégua na guerra comercial deflagrada neste ano, envolvendo tarifas de retaliação sobre bilhões de dólares em bens de ambos os países, incluindo o algodão. Apesar de um fim da disputa ainda não ter ocorrido, a notícia serviu para animar o mercado, com os contratos futuros da commodity disparando na Bolsa de Nova York (ICE), nesta segunda-feira.

As duas maiores economias do mundo não aplicarão novas tarifas sobre os produtos um do outro pelos próximos 90 dias, conforme acordo entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping durante a cúpula do G-20, em Buenos Aires, no fim de semana.

“Será um período importante para ver se os chineses voltam a comprar”, afirmou Moura, da Abrapa. Segundo ele, em um prazo de “seis a sete anos” o Brasil poderá passar os EUA como maior produtor mundial da fibra graças a melhores produtividades e manejo da lavoura.

Nova gestão

O evento também marca a apresentação do cotonicultor Milton Garbujo como novo presidente da Abrapa a partir de 2019, por um período de dois anos.

À Reuters, ele elogiou a ministra da Agricultura indicada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS). “As promessas são boas e estamos bastante esperançosos.” Ele afirmou ainda que, entre seus desafios, está a busca de melhorias para o escoamento da safra de algodão do Brasil.

 

Fonte: Reuters

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