Analistas reduzem em quase seis milhões de toneladas a estimativa da safra de soja do Brasil

A safra de soja do Brasil 2021/22 foi estimada em 138.5 milhões de toneladas, o que representa um corte de quase seis milhões de toneladas em relação a projeção anterior, devido aos efeitos da seca no Sul, mas o País ainda colheria um volume recorde, estimou nesta terça-feira a hEDGEpoint Global Markets.

A redução estimada, por ora, se deve basicamente ao impacto da estiagem sobre as lavouras do Paraná e Rio Grande do Sul, disseram à Reuters analistas da empresa de gestão de risco e hedge de commodities agrícolas e energéticas.

Antes do agravamento dos efeitos da estiagem no final do ano, a hEDGEpoint estimou a safra em 144.2 milhões de toneladas, acima das 142.8 milhões de toneladas previstas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Ainda seria uma safra recorde, mas muito menor”, disse Alef Dias, analista de grãos e macroeconomia.

O Brasil colheu 137.3 milhões de toneladas na safra passada, o recorde atual, segundo dados da Conab. Dias apontou uma redução de cerca de quatro milhões de toneladas na colheita do Paraná, em relação à estimativa anterior, e de dois milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, com base em análises que levam em conta a qualidade das lavouras nesses estados.

Pedro Schicchi, analista de grãos e sementes oleaginosas da hEDGEpoint, indicou que alguns modelos de previsão do tempo estão apontando para chuvas acima do normal em janeiro, em regiões afetadas pela seca no Sul. “Se tem uma chuva boa em janeiro consegue atenuar o tamanho das quebras (…), mas, se essas chuvas não vierem, pode ficar até maior a perda”, disse.

Contratos

Na avaliação de Schicchi, boa parte da quebra de safra já foi precificada pelo mercado internacional. Os contratos futuros da soja em Chicago, para março, estão sendo negociados a 13,84 dólares por bushel, nos maiores patamares desde meados do ano passado.

“Os especuladores vêm aumentando as posições compradas, isso favorece a visão de que a quebra já está precificada”, afirmou Dias. “A quebra de safra deve resultar em estoques de passagem mais enxutos no Brasil”, disse Schicchi.

Demanda interna

Do lado da demanda interna, ele ponderou que, com uma mistura menor de biodiesel no Brasil, o consumo de soja tende a ficar mais fraco no País. Além disso, com a China precisando de menos importação de carne, isso se traduz em menos consumo doméstico de farelo de soja no Brasil.

Os analistas avaliaram ainda que, com uma oferta interna de soja menor, é provável que a exportação do grão in natura do país seja menos penalizada do que o esmagamento.

 

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp