Os contratos futuros do trigo em Chicago se mantiveram firmes nesta semana, com o maio/17 fechando a quinta-feira (6 de abril) cotado a US$ 4,23 ¼/bushel, após US$ 4,29 ¾ na véspera e US$ 4,21 uma semana antes. A média de março ficou em US$ 4,27/bushel, contra US$ 4,37 em fevereiro.
A firmeza em Chicago deve prosseguir diante da redução de 8% na área a ser semeada com o cereal segundo o relatório de intenção de plantio do dia 31/3. Assim, em 2017 tal área ficaria em 18.6 milhões de hectares, se consolidando como a menor área semeada com trigo nos EUA desde 1919. Contrabalançou esta informação o anúncio de que os estoques trimestrais de trigo naquele país, em 1º de março, subiram 21% em relação ao mesmo período em 2016. Os estoques totalizam agora 45.2 milhões de toneladas.
Dito isso, a semana foi sustenta pelos números de redução da área semeada nos EUA. Em termos mais conjunturais, a sustentação veio pela piora do clima junto às regiões produtoras estadunidenses de trigo de inverno, além de movimento técnico de venda na Bolsa visando realização de lucros.
O quadro de piora nas lavouras de trigo dos EUA, devido ao excesso de chuvas, aparece nas condições das lavouras. No dia 02/04 o mesmo apontava 51% das mesmas entre boas a excelentes, 35% regulares e 14% entre ruins a muito ruins. Na semana anterior 59% das mesmas estavam entre boas a excelentes e apenas 9% entre ruins a muito ruins (cf. Safras & Mercado).
No MERCOSUL não houve mudança nos preços médios, com a tonelada FOB para exportação permanecendo entre US$ 170,00 e US$ 190,00.
Já no Brasil os preços permaneceram estagnados e sem perspectivas de melhoria no curto e médio prazo. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 27,98/saca (um ano antes o preço era de R$ 33,75/saca). Portanto, um recuo de 17,1% sobre o ano passado. Por sua vez, atualmente os lotes não saem do patamar entre R$ 31,00 e R$ 32,00/saca. No Paraná é a mesma realidade, com os lotes, na referência, permanecendo entre 36,00 e R$ 38,00/saca.
Na prática, o mercado nacional fechou março mantendo uma tendência de baixa, onde a oferta da produção local se soma às fortes e contínuas importações, graças a um câmbio competitivo e a preços internacionais ainda baixos. Como já se destacou em outras oportunidades, o mercado considera que apenas um câmbio a partir de R$ 3,30 poderia viabilizar uma reação nos preços do trigo brasileiro. Some-se a isso o fato de os moinhos estarem com estoques suficientes para, pelo menos, os próximos 30 dias. Há possibilidade que muitos moinhos alonguem seus estoques devido a um ritmo de moagem menor nos últimos tempos (cf. Safras & Mercado).
Tal quadro não deverá se modificar nem mesmo se houver o retorno dos leilões oficiais de PEPRO e de PEP, pois os que foram realizados não produziram o efeito desejado nos preços. Some-se a isso os problemas de logística, com a preferência ainda sendo para a colheita e transporte da soja e milho. Talvez para maio o cenário possa se modificar um pouco em favor do trigo, porém, as dúvidas são muitas.
Enfim, os números finais da última safra brasileira dão conta de um total colhido de 6.6 milhões de toneladas e de 6.3 milhões em importações para 2016/17. Os estoques finais brasileiros, no ano 2016/17 (encerramento em 31/07), somariam 1.53 milhão de toneladas, contra apenas 305.000 toneladas no ano anterior. A produção gaúcha teria somado 2.43 milhões de toneladas, a paranaense 3.36 milhões e a catarinense 220.000 toneladas. A produtividade média brasileira ficou em 3.079 kg/ha.
Fonte: CEEMA / UNIJUI