Análise semanal do mercado da soja

As cotações da soja em Chicago continuaram recuando nesta semana e romperam o suporte dos US$ 10,00/bushel para o primeiro vencimento (agora o mês de maio), quando atingiram a US$ 9,87 no dia 14/03. Posteriormente, houve pequena recuperação, com o fechamento no dia 16/03 a US$ 10,01/bushel.

Não há motivo para altas em Chicago como já se alertava há semanas. A elevada oferta mundial, agora comprovada com a colheita na América do Sul, e a tendência de novo aumento na área a ser semeada com soja nos EUA, derrubam as cotações. Os fundos estão se desfazendo de posições, pois estavam muito comprados conforme alertas igualmente feitos neste espaço. Além disso, o governo estadunidense aumentou o juro básico em 0,25% nesta semana, deixando mais atrativo os títulos públicos e outros papéis financeiros.

Quanto à nova área nos EUA, estimativas privadas (Informa Economics) dão conta de uma área de 35.9 milhões de hectares, um recorde histórico e um pouco maior do que a projeção anterior.

Paralelamente, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu, nos EUA, a 3.89 milhões de toneladas em fevereiro, ficando no menor patamar desde outubro e bem abaixo do esperado pelo mercado.

Pelo lado da demanda, na China as margens de esmagamento recuaram para os níveis mais baixos dos últimos 20 meses. Por enquanto, as recentes baixas em Chicago têm dado certa sustentação às margens chinesas, o que mantém ainda as importações daquele país aquecidas. Muitas empresas estão em recesso para manutenção de maquinário, devendo retornar com força ao mercado no início de abril. Isso poderá ajudar a segurar as quedas em Chicago, cujo novo patamar mínimo passa a ser agora US$ 9,50/bushel.

Ao mesmo tempo, o governo chinês deverá implantar regulamentações ambientais rigorosas. Com isso, o rebanho suíno da China deverá diminuir em até 12% em 2017. Tal realidade tende a provocar menor importação futura de soja, já que o consumo de rações deve diminuir, porém, os chineses terão que aumentar as importações de carne suína se desejarem manter o atual nível de consumo deste produto.

Em termos de importações de soja, a China comprou 3.34 milhões de toneladas do Brasil em 2017, para um total de 4.42 milhões exportados pelo País (tais embarques totais representam um aumento de quase 82% sobre o mesmo período do ano passado).

No mercado brasileiro, o real voltou à casa dos R$ 3,11 em meados desta semana e continua não auxiliando na formação de preços ao produtor nacional de soja. Mesmo assim, pressionados pela necessidade de caixa, os produtores têm negociado a nova safra. Houve rumores de negócios envolvendo cerca de 10.000 toneladas no Rio Grande do Sul, cerca de 5.000 no Paraná e outras regiões nesta semana (cf. Safras & Mercado).

Todavia, na média os preços recuaram. No Rio Grande do Sul no balcão a saca foi cotada a R$ 63,83, enquanto os lotes ficaram entre R$ 65,50 e R$ 66,00/saca. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 54,00/saca em Diamantino e Nova Xavantina (MT) e R$ 60,50 a R$ 61,00/saca no Piauí e Tocantins, passando por R$ 63,00/saca em Cascavel (PR).

O quadro continua sendo de preços fracos a estáveis, com forte dependência do câmbio e agora mais fragilizados pelo recuo das cotações em Chicago. Espera-se uma desvalorização do real para meados do ano, o que melhoraria os preços da soja. Mas isso é apenas uma tendência dentro do contexto político e econômico nebuloso vivido pelo Brasil.

A colheita da nova safra brasileira chegava a 56% da área até o dia 10/03, contra 45% na média histórica. Por Estado, a mesma atingia a 90% no Mato Grosso do Sul, 88% no Mato Grosso, 85% em Goiás, 75% em São Paulo, 60% no Paraná, 48% em Minas Gerais, 15% em Santa Catarina, 8% na Bahia e 6% no Rio Grande do Sul (cf. Safras & Mercado).

Enfim, a comercialização desta nova safra, até o dia 06/03, atingia a 42% no Brasil, contra 51% na média para esta época do ano, sendo que no Rio Grande do Sul a mesma chegava a 24% contra 32% na média histórica e 40% na mesma data do ano passado.

 

Fonte: Ceema / Unijui

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