Alta tecnologia a serviço do agronegócio

O Brasil caminha para ser o maior produtor de alimentos do mundo, com recordes seguidos na produção de grãos e pecuária. O saldo comercial do agronegócio, que entre 1980 e 2000 chegava a US$ 10 bilhões. Em 2017 saltou para US$ 81,86 bilhões. O País é, também, o maior produtor de soja do mundo, tem os maiores índices de produtividade e ocupa posição de destaque em outras culturas como milho, cana de açúcar e madeira.

Boa parte desses números vem de uma tecnologia avançada, empregada no campo de forma estratégica. Entre 1975 e 2016, mais de 80% do crescimento do setor pode ser atribuído aos ganhos de produtividade impulsionados pelo uso de insumos e pelo aprimoramento das máquinas agrícolas e das tecnologias no campo de um modo geral.

“Esses dados positivos devem se intensificar nos próximos anos, com o aumento das soluções tecnológicas para conectividade e monitoramento, tecnologias em rápido crescimento e ainda pouco exploradas no país, em comparação com os EUA e Europa”, conta Bernardo de Castro, presidente da Hexagon Agriculture.

Para ele, o plantio direto e o desenvolvimento de cultivares adequadas às especificidades do clima e solo brasileiros, além de processos inovadores, permitiram o aumento do cultivo de mais de uma safra por ano.“Recentemente, tecnologias como a agricultura de precisão e eletrônica embarcada vem ajudando na aplicação racionalizada de insumos e no planejamento, monitoramento, otimização de operações agrícolas”, completa Castro.

Com um sistema que monitora cada etapa logística, a Hexagon fornece informações para a gestão como, por exemplo, mapas georreferenciados, gráficos de metas e relatórios de status de operações de campo para colheita, plantio, aplicação de insumos e tratos culturais. A ideia é evitar perdas e desperdícios.

“A colheita, o carregamento e o transporte (CCT) contabilizam, em média, de 30% a 60% dos custos com matéria-prima, e muitas vezes esses índices são maiores pela ineficiência dos processos”, explica Castro. “Em ambientes remotos, como fazendas e florestas, uma única variável pode impactar a produtividade de maneiras imprevistas e adversas, o que reforça a importância de um monitoramento mais eficiente”.

Para Éder Antônio Giglioti, Phd em Agronomia e CEO da Smartbreeder, a agricultura brasileira chegou a patamares parecidos com a americana. “Lá as terras passam metade do tempo embaixo do gelo e, durante a safra, o clima permite altas produtividades. Aqui conseguimos resultados com duas safras por ano”, afirma Giglioti.

Ele destaca a atuação do uso intensivo do cerrado brasileiro, que já alcança duas safras, além da tecnologia para o controle de doenças e pragas aéreas, tanto via controle biológico como químico.  “No caso da cana-de-açúcar para a produção de etanol, também temos tecnologia mais viável, tanto em termos econômicos como ambientais, capaz de contribuir fortemente com a redução da emissão de gases efeitos estufa”, diz o agrônomo.

Alta tecnologia a serviço do campo

Diante de tantas inovações e caminhos que apontam para a automação de processos, controle da qualidade, uso de inteligência artificial, entre outros, é comum encontrar alguma resistência dos agricultores. Isso deve diminuir com a troca de gerações no comando de muitos negócios agrícolas, o que promove a adoção de tecnologias de informação neste ambiente.

“O trabalho de universidades, institutos de pesquisa e, claro, dos early adopters, ou seja, produtores inovadores, são as formas mais eficientes de promover as tecnologias”, avalia Bernardo de Castro.

Outra solução será a demonstração de uso e valor dessas inovações. “O produtor precisa enxergar que tempo é dinheiro e, quanto mais demorar para adotar uma nova tecnologia, mais dinheiro ele perde”, afirma Éder Giglioti, que sugere a implantação de áreas piloto para demonstração de tecnologias. “Apesar do alto custo para os fornecedores, é uma prática muito eficiente. A palavra de um agricultor vale muito mais que qualquer mídia”.

Futuro

O futuro no campo já chegou. Mas, apesar de tantos avanços, ainda há etapas importantes para acontecer. O campo precisa ser uma realidade digital inteligente, onde o ecossistema digital automatizado e conectado resulte em melhores fluxos de trabalho, recursos otimizados e lucros maximizados. “Vale reforçar que a maior eficiência no setor agrícola virá por meio da tecnologia”, ressalta Castro.

Para Igor Chalfoun de Souza, CEO da Tbit – empresa que desenvolveu um equipamento pioneiro no mundo para analisar de forma precisa e oferecer laudos automatizados da qualidade dos grãos – produtos que auxiliam na automação de processos, no controle da qualidade e na otimização de gastos em insumos, serão o destaque no futuro. “São tecnologias que realmente ajudarão no aumento da produção, na diminuição de gastos e no valor agregado”, conclui Souza.

 

Fonte: G1

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