Os alimentos foram os grandes vilões da inflação nas últimas semanas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou que a carne, por exemplo, subiu 3,17%, enquanto o leite longa vida aumentou 1,75%.
De acordo com o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Helio Sirimarco, a alta da carne pode ser explicada por fatores como o clima e a demanda do mercado externo.
“Os pecuaristas argumentam que os pastos ainda estão secos. Fica difícil e mais cara a engorda do gado. O Brasil é o principal exportador de carne, e o preço vem subindo desde o início do ano. Os mercados estão muito favoráveis ao Brasil, como a Rússia e a China”, ressaltou.
Os embarques em setembro, segundo Sirimarco, alcançaram US$ 17.24 bilhões, com o impulso da carne bovina, cujas vendas acumularam alta de 11,6%, atingindo US$ 7.13 bilhões.
Em relação ao leite, o diretor da SNA afirmou que, após se manter estável por três meses seguidos, o preço pago ao produtor caiu em praticamente todas as regiões que compõem a “média Brasil” (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Bahia e Santa Catarina) do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da ESALQ/USP. “As exceções foram Goiás e Bahia, onde as cotações subiram”, acrescentou.
Para ele, o recuo nos valores pagos ao produtor foi influenciado, principalmente, pelo aumento da captação em todos os Estados que compõem a “média Brasil”. Além disso – complementou – “a demanda desaquecida pressionou as cotações dos derivados no atacado em setembro”.
De acordo com Sirimarco, o aumento da captação no campo, por sua vez, esteve atrelado à proximidade do período de pico na safra sulista, ao início da temporada leiteira nacional e à ocorrência de chuvas em algumas regiões do Centro e Sudeste do País. “A desvalorização do concentrado nos últimos meses também favoreceu um incremento na alimentação dos animais, resultando em elevação da produção de leite”, declarou.
IMPACTO NO MERCADO
Em setembro, a bovinocultura de corte, para o diretor da SNA, fechou mais um mês com bons resultados. “Dentro de um cenário interno e externo positivo, tudo parece caminhar para que os bovinocultores vislumbrem uma situação melhor, visto que o poder de compra sobre os principais insumos da alimentação animal aumentou na comparação anual. Se de um lado a conjuntura favorece o criador, na outra ponta, a do consumidor, a oferta restrita de animais para abate e os bons volumes exportados, seguem elevando o preço no varejo”.
No que diz respeito ao leite para o mês de outubro, Sirimarco garante que a expectativa da maior parte dos representantes de laticínios e cooperativas é de queda nos preços.
Equipe SNA/RJ