Alimentos contribuem para a retomada do crescimento

Para especialistas, o resultado ainda está muito concentrado em alguns setores: houve taxas positivas em apenas 8 dos 24 ramos pesquisados

O setor de alimentos teve influência positiva no resultado da produção industrial, que, de acordo com o IBGE, cresceu 0,2% em setembro frente a agosto e 2,6% quando comparada a igual período do ano anterior. Na avaliação de especialistas, apesar da expansão, a retomada é lenta e ainda consiste na recuperação de perdas. Mesmo assim, o cenário é de confiança para os próximos meses.

Na passagem de agosto para setembro de 2017, houve taxas positivas em 8 dos 24 ramos pesquisados. O setor de alimentos destaca-se com crescimento de 4,1%, ao lado de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,7%). Apesar do resultado positivo, ambos os setores estão revertendo números negativos do mês anterior: -4,8% e -1,5%, respectivamente.

“Este é um resultado que não chega a entusiasmar e isso por pelo menos dois motivos. O primeiro deles é que o patamar de crescimento é muito baixo, especialmente se tomarmos o recuo de 0,7% de agosto. O segundo motivo a retirar substância da alta de setembro é que ela está concentrada em poucos ramos da indústria. Dentre estes com variação positiva, muitos só compensaram recuos anteriores, como alimentos, derivados de petróleo, máquinas e equipamentos, e atividades extrativas”, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (IEDI).

Ainda do lado positivo, o IBGE aponta que outras contribuições para o resultado do mês vieram de indústrias extrativas (1,0%) e de veículos automotores, reboques e carrocerias (1,0%).

Por outro lado, entre os dezesseis ramos que reduziram a produção nesse mês, os desempenhos de maior relevância foram produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-20,9%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-6,1%), com o primeiro interrompendo dois meses consecutivos de expansão, período em que acumulou ganho de 7,7%; e o segundo devolvendo parte do avanço de 6,8% registrado no mês anterior.

Olhares sobre o desempenho trimestral:

Os economistas do Mitsubishi UFJ Financial Group avaliaram em relatório sobre a produção industrial que o crescimento moderado contribuiu para o bom ritmo de crescimento registrado no terceiro trimestre em relação ao anterior (0,92%). “Este número reforça a nossa visão de que a atividade econômica geral continuou crescendo no terceiro trimestre. A indústria continuará sendo beneficiada pelo cenário de maior demanda interna e externa”, estima o rupo.

Já o IEDI chama a atenção para a perda de potência da produção industrial ao longo do ano. O instituto cita as variações com ajuste sazonal de cada trimestre do ano em comparação com o trimestre imediatamente anterior.

“Ao contrário do que gostaríamos de ver, o desempenho da indústria foi se reduzindo ao longo do ano, muito embora não deva ser ignorado o fato de ter permanecido em terreno positivo. Isso é sinal de que a recuperação do setor custa a reduzir sua fragilidade”, afirma análise do IEDI.

Próximos meses

Para André Guilherme Pereira Perfeito, do Departamento Econômico da Gradual Investimentos, os dados do IBGE apontaram para uma alta da atividade fabril ainda modesta. “Se assumirmos um crescimento constante na média desde que a recuperação começou teremos uma média de 0,27% ao mês, o que fará atingirmos o pico de junho de 2013 apenas em agosto de 2023. Claro, é de se esperar que a recuperação econômica se intensifique, mas por ora não há um sinal claro de que isso irá ocorrer”, diz.

Já a equipe de Pesquisa Macroeconômica do Itaú destaca que os primeiros indicadores coincidentes (confiança da indústria, utilização da capacidade instalada, dados semanais de comércio exterior e consumo de energia, prévias do setor de automóveis, entre outros) sinalizam alta de 0,3% da produção industrial em outubro (5,4% de alta na comparação anual), continuando a tendência de alta gradual.

De acordo com o Mitsubishi, a recuperação do consumo doméstico tem sido influenciada pela inflação moderada, o que aumenta o número de trabalhadores que obtêm um aumento salarial real.

“Além disso, esse progresso na renda, bem como nas condições de emprego, contribui para a redução gradual das taxas de inadimplência e, consequentemente, reduzirá de forma mais intensiva as taxas de empréstimo, levando a uma demanda mais ampla de produtos”, conclui o relatório.

Equipe SNA / Rio

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