Um estudo desenvolvido pela Fundação Dom Cabral (FDC) aponta que o agronegócio foi um dos setores mais afetados com os custos da logística. De acordo com a pesquisa, 20,7% dos gastos estão relacionados a essa área, junto à mineração e construção, que aplicaram 26,1% e 18% do que ganharam em logística, respectivamente.
O estudo mostra que as empresas brasileiras gastaram cerca de R$15,5 bilhões em logística apenas nos três últimos anos. Os dados indicam que 12,37% do total do faturamento bruto de empresas brasileiras foi destinado exclusivamente a esta área.
A maior parte desse montante vai para o transporte de longa distância, que representa 40,1% das despesas, e o restante é aplicado na distribuição urbana, com 23,4% de investimentos na área e na estocagem, que representa 17,7%.
Segundo o estudo, esse valor elevado pago pelas empresas está relacionado aos baixos investimentos governamentais na infraestrutura logística.
O responsável pela pesquisa, professor Paulo Resende, que também é coordenador do Núcleo de Logística Supply Chain e Infraestrutura da FDC, analisa que, enquanto o Brasil aplica 0,8% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, países como China e Índia destinam 2,5%.
“Com a diferença de que lá o custo que pesa não é o do transporte, mas o da armazenagem”, afirma.
A pesquisa mostra também que os fatores que mais contribuem para os altos custos da logística são relacionados com a falta de estrutura das estradas brasileiras, restrições de circulação de veículos de carga e formação de mão de obra precária.
Segundo Resende, trechos com asfaltamento acidentado e o crescimento de restrições à circulação de carga pelos centros urbanos preocupam tanto indústrias quanto o setor de transportes.
“Todas as pesquisas mostram que a malha rodoviária brasileira se deteriorou muito nos últimos anos, sobretudo aquela administrada pelo setor público”, ressalta.
O levantamento também indica que os custos que mais pesaram durante o último ano, segundo a percepção dos entrevistados, são relacionados com distribuição urbana, seguros, burocracia, rastreamento e segurança.
A pesquisa reuniu 130 empresas que pertencem a 13 diferentes segmentos e que representam juntas 15,4% do PIB nacional.
Fonte: Agrolink