Há um esforço do governo brasileiro para que mais produtos do agronegócio sigam a trajetória da soja nas exportações para a China. Estão em foco, entre outros, carnes de ave e suína, milho e tabaco.
O resultado da balança no primeiro trimestre do ano ilustra a relevância da soja. Entre janeiro e março foram embarcados US$ 2.95 bilhões, alta de 84% em relação a igual período do ano passado, sendo que o grão sozinho totalizou US$ 2.1 bilhões. O volume saltou de 1.82 milhão de toneladas no primeiro trimestre de 2011 para 4.34 milhões de toneladas, informou Lino Colsera, diretor do Departamento de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Uma missão brasileira capitaneada pelo departamento está de malas prontas para a China com a intenção de abrir outras frentes de negócio. Os brasileiros pretendem obter sinal verde dos chineses para aumentar os embarques de carne de aves e incluir na lista de produtos exportados carne suína e milho, além de ter como meta expandir a venda de tabaco.
Em fevereiro, em um primeiro encontro com a subcomissão de Quarentena, Inspeção e Vigilância Brasil/China, no âmbito da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concentração e Cooperação (Cosban), o Brasil já havia sinalizado a intenção de abrir o leque de produtos para a China.
“No final de março e início de abril, uma missão chinesa visitou 15 abatedouros de frango no Brasil. A comitiva também passou pelo Paraná com o objetivo de ver de perto as plantações de milho e dar a largada para a importação também desse produto”, disse Colsera. A China já fez, inclusive, a análise de risco de pragas com relação ao Brasil e agora, durante a visita, o governo brasileiro espera que os chineses deem o sinal verde para esses produtos. Hoje, o país exporta uma quantia “irrisória” de milho para aquele país. “A meta é abrir o mercado e passar a exportar grandes volumes”, disse Colsera.
Atualmente, 25 empresas fornecem frangos para o mercado chinês. “Nosso objetivo é elevar para 47 empresas e essa negociação está em fase de análise”, explica o diretor. Também faz parte da empreitada expandir o volume de carne suína vendida para os chineses. “Hoje são três frigoríficos que exportam e queremos passar para oito”, afirmoua Colsera.
Os embarques de carne suína começaram no princípio do ano passado, resultado da visita da presidente Dilma Rousseff à China em 2011. “Nossa expectativa é que o governo chinês dê carta branca a mais 12 frigoríficos.”
Os chineses importam de todo o mundo aproximadamente US$ 1 bilhão em carne suína por ano. “O mercado chinês é bastante relevante, mas queremos também diversificar os nossos destinos de exportação de carne suína. É um setor que ainda tem as exportações bastante concentradas”, disse.
Para Amaryllis Romano, consultora de alimentos da Tendências Consultoria Econômica, a China é hoje um parceiro da maior relevância, especialmente em alguns segmentos como soja. “É o maior importador com perspectivas de crescer ainda mais, além de ter elevado as importações de outros tipos de produto na área de agronegócio”, disse.
Nesse ramo, explica a consultora, a China é basicamente via de uma mão só. “O Brasil não tem quase nada para trazer de lá no segmento de agronegócio”, explica. As perspectivas são boas: “Trata-se de um país que tem restrição de área para a agricultura, tem problemas de água e clima, logo, há uma série de restrições para ampliar a produção. Por isso mesmo, ainda que aconteça uma freada no crescimento nas exportações para a China, a intenção do governo chinês é fortalecer o consumo doméstico”.
Apesar de volumes ainda restritos outros produtos embarcados para o mercado chinês também tiveram forte incremento no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O óleo de soja saiu de 24.000 toneladas para 119.000 toneladas. O vinho passou de 12 toneladas para 33 toneladas. As carnes de aves avançaram de US$ 81.5 milhões para US$ 109.7 milhões.
Fonte: Valor Econômico