A safra de soja do Brasil em 2012/13 foi estimada, na terça-feira, 26, em um recorde de 84,4 milhões de toneladas, com leve alta ante a previsão divulgada no início do mês, informou a Agroconsult ao reportar os dados obtidos durante a expedição técnica Rally da Safra.
Na previsão do início de março, a Agroconsult havia estimado a safra em 84,2 milhões de toneladas.
Na temporada passada, quando uma seca afetou as lavouras no Sul do país, o Brasil colheu 66,4 milhões de toneladas de soja.
O recorde anterior para a safra de soja havia sido registrado na temporada 2010/11, quando o país colheu pouco mais de 75 milhões de toneladas.
Segundo a consultoria, a surpresa positiva foi a consolidação de uma produtividade recorde no Rio Grande do Sul, terceiro maior Estado produtor do país.
O rendimento gaúcho deverá saltar para 48,9 sacas por hectare nesta safra, ante 25,9 sacas em 2011/12. A produção estimada pela consultoria para o Estado é de 13,5 milhões de toneladas, ante 6,5 milhões na temporada passada, que foi severamente afetada pela estiagem.
“A produtividade foi boa apesar de ter havido uma alta pressão de ferrugem na soja tardia. Essas 13,5 milhões de toneladas do Rio Grande do Sul vão fazer a diferença no número final da safra”, disse o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, em conferência para apresentar os resultados da expedição técnica às áreas produtoras.
A produtividade no Paraná também cresceu, para 56 sacas por hectare, ante 40,9 em 2011/12, resultando em uma previsão de colheita de 15,8 milhões de toneladas.
Em Mato Grosso, maior Estado produtor, a produtividade em 2012/13 ficou praticamente estável em 52 sacas por hectare, ante 52,2 sacas da temporada anterior.
Contudo, como a área plantada com a oleaginosa no Estado atingiu marca recorde, a colheita deve saltar para 24,6 milhões de toneladas, ante 21,8 milhões em 2011/12.
“Tivemos um excesso de chuva prejudicando a colheita da safra precoce e um excesso de dias nublados em fevereiro”, disse Pessôa.
A falta de luminosidade e a umidade também causaram perda de produtividade para a soja de ciclo tardio, com grãos muito leves. A produtividade nas regiões norte e oeste de Mato Grosso foram as mais prejudicadas, disse o analista.
PRAGAS
Os técnicos do Rally da Safra observaram grande incidência de ataques de insetos em muitas das regiões produtoras de soja percorridas pela expedição.
Segundo Pessôa, estes ataques refletem o efeito do clima e do manejo focado em algumas pragas.
“Especialmente, os veranicos em dezembro, repetidos em algumas áreas em fevereiro, favoreceram tremendamente os insetos, sobretudo as lagartas”, disse Pessôa.
Ele acrescentou que, com o uso de tecnologias como transgênicos e melhores pesticidas, houve um combate às principais pragas das lavouras, mas as outras que antes eram secundárias começaram a aparecer com mais força.
“A gente viu a lagarta disseminada no Brasil inteiro e havia pouco produto disponível para combater, no entanto, existe tecnologia para combater e conhecimento”, disse André Debastiani, sócio-analista da Agroconsult que também participou da conferência, acrescentando que o combate às pragas foi eficiente.
Eles acrescentaram que houve um acréscimo de custos, mas o controle das pragas foi feito, sem afetar significativamente as produtividade.
MILHO
A consultoria estimou a safra de milho verão, a primeira, em 36,7 milhões de toneladas, contra as 33,8 milhões de toneladas colhidas em 2011/12.
A estimativa para a segunda safra ficou estável em 36,7 milhões de toneladas, abaixo da “safrinha” recorde de 2012, perto de 40 milhões de toneladas, em função de um clima apenas bom, e não “excepcional” como no ano passado.
A safra total, portanto, somaria um recorde de 73,4 milhões de toneladas, superando a registrada na temporada passada, que ficou abaixo de 73 milhões de toneladas, segundo dados do governo.
A estimativa do início de março era de 75 milhões de toneladas.
Fonte: Reuters