A instabilidade nos preços dos grãos no começo do ano fez o produtor brasileiro ser mais criterioso no momento da venda para garantir margens. Quem se beneficiou desse cenário foi a trading norte-americana Agro.Club, que estreou no País em 2023 e vai superar R$ 400 milhões em faturamento com sua tecnologia que conecta agricultores à grande indústria.
A receita da Agro.Club atingiu essa marca até o meio de novembro, e o que ainda resta do ano promete engordar um pouco mais a receita da empresa. “Nossa expectativa já era alta, mas, assim como a equipe que temos aqui, superou as nossas expectativas”, disse o CEO global, Egor Kirin.
Segundo o executivo, a operação brasileira foi exitosa em adaptar as tecnologias usadas na Europa para a realidade local rapidamente. A empresa tem um algoritmo capaz de calcular as melhores conexões entre produtores e indústrias que compram grãos, garantindo margens mais altas nas duas pontas.
“O cenário mais desafiador fez o produtor represar e vender com mais critério. Na próxima safra, a tendência é que ele continue com essa postura, e nós poderemos contribuir com produtores e consumidores”, disse Pedro Salles, CEO da operação brasileira.
Há 15.000 produtores brasileiros cadastrados na plataforma, principalmente de Mato Grosso e Paraná, um terço do número global. Atualmente, a operação brasileira é a maior da companhia em volume, com 100.000 toneladas de grãos adquiridos por mês. As cargas são despachadas para clientes nos portos e nos três Estados do Sul.
Salles disse que a empresa está abrindo escritórios no interior para chegar mais facilmente aos agricultores. A empresa abriu unidades em Rondonópolis (MT), Londrina (PR) e Palmas (TO). “As regiões produtoras são muito diversas, por isso, no ano que vem, queremos chegar a 10 escritórios”, estima.
Para Egor Kirin, a sofisticação do produtor brasileiro e os desafios logísticos tornam o País ideal para a tecnologia da empresa. “O crescimento anual da safra brasileira também faz com que a gente acredite que continuará sendo o principal negócio”, disse o executivo.
Com operações na Europa e Estados Unidos, o faturamento global da trading está próximo de R$ 1 bilhão. Em nível global, a expectativa é de que um crescimento da produção no Hemisfério Norte compense possíveis perdas no Brasil e outros países da metade sul, devido aos efeitos do El Niño sobre as lavouras de soja e milho.
Kirin reconhece que não é fácil trabalhar como trader de grãos, uma vez que, quando não é o clima, as colheitas podem variar por outros motivos externos ao campo. “Nosso modelo tenta equalizar. Como originadores em três geografias e com destinos nos cinco continentes, conseguimos balancear as flutuações de oferta, para cima e para baixo”, disse.