Agro brasileiro abre novos mercados na Ásia

Setor agropecuário embarca volumes cada vez mais expressivos para países asiáticos; diversos produtos hoje fazem companhia à soja vendida para a China. Foto: Pixabay – mrcolo

 Mais commodities para diversos países

Estrela da exportação brasileira para a Ásia, a soja já tem companhia expressiva na lista de produtos vendidos ao continente, e para além da China, principal comprador. O país é o maior consumidor da produção agropecuária nacional, tendo respondido por 74% das importações do setor ao continente asiático em 2024, o equivalente a US$ 49,7 bilhões. Em 2001, as exportações brasileiras de produtos agropecuários para a Ásia somaram US$ 1,8 bilhão, em comparação com o valor do ano passado, que chegou a US$ 68 bilhões. Os números são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento (MDIC).

Isso ilustra a entrada de novos itens e em maior número de países, apesar da hegemonia chinesa. Produtos como açúcar, carnes bovina e de frango, algodão, milho e café renderam mais de US$ 26 bilhões nas vendas para mercados asiáticos. Vietnã, Tailândia, Japão, Bangladesh, Taiwan e Coreia do Sul já importam anualmente mais de US$ 1 bilhão em mercadorias do agro brasileiro. Até 2018, apenas o mercado chinês absorvia compras acima desse patamar.

As remessas de algodão do Brasil para a Ásia representaram 89% de todas as exportações do produto brasileiro em 2024. Entre os principais compradores da fibra estão China (US$ 1,7 bilhão), Vietnã (US$ 1 bilhão), Bangladesh (US$ 610 milhões), Paquistão (US$ 520 milhões) e Indonésia (US$ 296 milhões).

Cerca de dois terços das vendas de carne bovina (US$ 6,7 bilhões) também foram destinados a países da região, uma mudança significativa em relação ao início dos anos 2000, quando as exportações não chegavam a U$ 50 milhões. Crises sanitárias em vários países e o aumento na renda per capita fizeram com que os mercados asiáticos ampliassem as compras da proteína brasileira. Embora 89% das importações da região tenham sido feitas pela China, outros 21 países asiáticos importaram carne bovina brasileira em 2024.

O continente asiático sustenta também boa parte das vendas externas de milho brasileiro. Em 2024, 42,5% das exportações do grão foram para a região, para países como Vietnã, Coreia do Sul, Japão, China, Taiwan e Bangladesh. No caso do açúcar, mais de um terço das exportações brasileiras teve como destino a Ásia. As compras são lideradas pela Indonésia (US$ 1,65 bilhão), seguida por Índia (US$ 1,61 bilhão) e China (US$ 1,4 bilhão).

Carne suína paranaense: rigor sanitário deve impulsionar vendas

Segundo maior produtor de carne suína do país, o Paraná tem recebido de vários países e organizações sanitárias o reconhecimento de zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que deve permitir a exportação do produto local e avolumar o já expressivo número de embarques brasileiros para o exterior.

O reconhecimento internacional teve início em maio de 2021, quando a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) declarou o Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação foi resultado de um esforço conjunto entre produtores, cooperativas e órgãos estaduais, que adotaram rigorosos protocolos de biossegurança. Esse status contou com o reconhecimento recente por parte do Chile, o que credencia a carne suína nacional e serve como “passaporte” em termos de credibilidade diante de potenciais interessados.

O Brasil segue quebrando recordes nas exportações de carne suína, com um crescimento de mais de 18% nos embarques de carne in natura no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. No total, mais de 290 mil toneladas foram exportadas nos três primeiros meses do ano. Novamente, países asiáticos lideram as compras, como Filipinas, China, Hong Kong e Japão.

Em 2024, o Paraná também liderou o crescimento da produção nacional, com um aumento de 281,4 mil cabeças em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ranking de exportações de carne suína, o estado ocupa a terceira posição, com 185,5 mil toneladas exportadas, atrás de Santa Catarina (730,7 mil toneladas) e Rio Grande do Sul (289,9 mil toneladas).

Dessa forma, fica evidenciada a importância de investir em novos mercados, sobretudo em uma época de tensões geopolíticas e tarifárias, mas também através do rigor sanitário que fez da proteína animal um case de sucesso mundial, com importações cada vez mais expressivas e abrangentes em escala global.

Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb13.9290) marcelosa@sna.agr.br
 Com informações complementares da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (MAPA).
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